Loucuras da fé
No bazar da fé o Paraíso fica em cima e o Inferno em baixo. O Purgatório e o Limbo foram afastados para a periferia, enquanto o papa não os demoliu.
Foi com esta concepção arquitectónica que as duas maiores e menos recomendáveis multinacionais da fé despacharam os patronos, após a morte – para cima. Maomé, um rude pastor de camelos, subiu ao Paraíso num cavalo alado enquanto o Cristo, após três dias de férias de morto, foi para o Céu, pelos próprios meios, curar as cicatrizes e aparar a barba, convencido de salvar a humanidade sem que alguém lhe pedisse o sacrifício.
Os judeus criaram o mundo 4004 anos antes de Cristo ter nascido, fruto do cruzamento adúltero de uma judia com uma pomba. Bem, não foram os judeus, foi um tal Jeová que inventaram como Deus e que serviu de modelo para os plagiadores que viriam. Os cristãos eram judeus antes de serem adoptados por um imperador odioso e que se serviu da dissidência para cimentar o Império e ser absolvido dos crimes, um tal Constantino.
A partir daí os cristãos passaram a considerar os judeus piores do que os hereges, uns e outros merecedores da morte, com a amabilidade que os crentes reservam aos ímpios. Até acusaram os judeus de assassinarem bebés cristãos e de beberem o sangue, como se o paladar do sangue melhorasse com o baptismo que seria, assim, uma especiaria.
O mundo está cheio de doidos e de crentes. Que pesaríamos nós de alguém que nos exigisse, como prova de amizade, o sacrifício de um filho? – Diríamos que era uma besta. Mas foi isso que fez o Deus abraâmico e depois disse que estava a brincar, era só para ter a certeza de que o pai delinquente era um crente a sério e não um cretino com provas dadas.
Enfim, uma religião que assassinou em 300 anos entre 40 a 50 mil bruxas, algumas que copularam com o diabo, como confessaram as próprias graças à persuasão cristã dos inquisidores, não é para ser levada a sério, mas mantém inúmeros clientes e diversos estudiosos dedicados a uma ciência exotérica – a teologia. E eu, quando oiço falar de estudantes de teologia, temo o pior.
Não há bestas perfeitas porque ninguém é perfeito mas os prosélitos da fé, convencidos de que só há uma religião verdadeira, a sua, aproximam-se da perfeição porque julgam que uma é verdadeira.
Se não fosse o mal que causa, Deus era uma invenção curiosa e uma divertida lenda mas o raio dos apaniguados só pensam em substituir a razão pela fé e a felicidade pelo medo.
Temos de ter muito cuidado com os crentes que detêm o poder. São perigosos. Vamos estar atentos à Turquia.
Nota: Não sei se as asneiras a que me refiro são contadas de forma ortodoxa mas são muito próximas da versão canónica.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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