A idade e o reumático, a caquexia e o mau humor, fizeram ensandecer Deus. São más as companhias que escolhe para esbater o tédio e pôr-se á conversa. Bush e Bin Laden são as pessoas com quem costuma falar – dito por eles – e são as menos recomendáveis. Mal por mal, antes o Papa católico que, por enquanto, é menos perigoso.
Quanto à Alexandra Solnado são devaneios de velho que ainda vê nela uma jovem e lhe avalia a sanidade mental pela sua.
Deus, nas suas infinitas solicitações, acabou por se desinteressar da religião verdadeira – a única -, a católica apostólica romana; esqueceu-se do Rätzinger ou tem vergonha dele; não se abeira do bando de bispos e padres que ainda se arrastam com o missal numa das mãos e o breviário na outra; e, finalmente, já não tem vagas no Paraíso sobrelotado com os mártires das Cruzadas desde finais do século XIII.
A Irmã Lúcia, por falta de espaço, dorme com os primos nuns aposentos abandonados no Purgatório, depois de ter sido íntima da Senhora de Fátima, ter visitado o Inferno onde ardia o Administrador do concelho de Ourém, que não ia à missa, e de ter visto um anjo que andava à solta na Cova da Iria.
O Papa Rätzinger nunca falou com Deus nem com ninguém da família, apenas com os jovens soldados nazis e, depois, com o exército das sotainas. Nas relações com o divino está em desvantagem com a Alexandra Solnado e com o antecessor que era danado para visões e milagres e estava convencido da existência de Deus.
B16 é o guardião da fé verdadeira, sem que Deus, um parente, a Senhora de Fátima ou o Santo Escrivá lhe anunciem que dirige uma empresa, com vastíssimos bens, cujo dono morreu e de que ele, Papa católico, é o único herdeiro.
Em seguimento do artigo apresentado pelo Carlos sobre a posição da ICAR relativamente às Igrejas, não existem, apenas a ICAR é Igreja, restantes são “despromovidas” a “comunidades eclesiais”, segue um excerto do documento elaborado pelo Santo Oficio (agora conhecido pelo pomposo nome de Congregação para a doutrina da fé) “Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja“.
“Segundo a doutrina católica, tais comunidades não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem e, por isso, estão privadas de um elemento essencial constitutivo da Igreja. Ditas comunidades eclesiais que, sobretudo pela falta do sacerdócio sacramental, não conservam a genuína e íntegra substância do Mistério eucarístico, não podem, segundo a doutrina católica, ser chamadas “Igrejas” em sentido próprio.“
Obviamente que as Igrejas “despromovidas”, melhor falar em ex-Igrejas senão caio em heresias, não gostaram e com razão, a irracionalidade da fé não se mede aos palmos, totalitarismo da ICAR vai criando sectarismos de sim ou sopas, trincheiras de cristãos não-católicos apinham, diálogo com o totalitarismo católico é fantasia, revolução de bíblias e luta pela liberdade de usufruírem do termo “Igreja” mais se acentua.
O pastor Domenico Maselli, presidente da Federação de Igrejas Evangélicas na Itália, resume bastante bem estes contextos, “para a Santa Sé, o único modo de conseguir a unidade dos cristãos seria entrar na Igreja Católica Romana“. Interessante que quando religiões sentem a liberdade a ser atacada os prosélitos desaparecem, fica apenas o sumo.
Paolo Ricca, da Igreja Valdese afirma que a ICAR “tem uma ideia monopolista do cristianismo que irrita e é difícil de digerir.” e que o documento “é um duro ataque à identidade dos outros“. Realmente é interessante concluir que como a maioria do cristianismo não é católico, este ataque à identidade dos outros cristãos tem proporções enormes, desprezando neste caso o resto do Mundo. Uma tentativa contínua de cisão de cerca de 17% da população mundial (a católica), com o resto do Mundo.
Os intolerantes não podem ser tolerados, e os defensores de dar a outra bochecha para outra estalada, seguida das bochechas das nádegas para mais estaladas, defendem o conceito quando oprimidos. Tão bem lhes fazia ler a Declaração Universal dos Direitos Humanos…
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A agenda reivindicativa da CEP foi profusamente divulgada nos últimos dias: os bispos querem que as crianças passem menos tempo na escola e mais tempo nos ATL´s da ICAR (ou seja, querem ser eles a decidir os horários da escola pública), que as autarquias não negoceiem ATL´s com terceiros mas sim com a ICAR (ou seja, querem que os padres substituam os vereadores na gestão corrente das câmaras municipais), querem mais dinheiro para construir igrejas (como se já não chegasse o que recebem habitualmente), ainda mais dinheiro para a Universidade Católica (que é privada e tem um subsídio público que outras privadas não recebem), ainda mais dinheiro público para escolas privadas (mas só se forem católicas), e, a não esquecer, estão preocupados com o que vai acontecer aos cento e oitenta capelães hospitalares que têm o «direito» (inconstitucional) de andar de cama em cama a incomodar quem tem outra religião ou nenhuma, e que são pagos para isso pelo Estado. O que está em causa nesta ofensiva clerical é sobretudo o vil metal.
Sócrates, explica-lhes que a religião não é um serviço público.
[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
A maior descoberta foi que o mundo que nos rodeia tem muito mais informação que o umbigo. Mesmo que seja o umbigo de um santo ou de um filósofo. Mas alguns ainda insistem nesta treta da verdade última e na teologia como forma complementar de compreender. Não é. Usar a vassoura ao contrário não é uma forma complementar de varrer. É asneira. O cabo não varre nada e as cerdas só espalham pó. Derivar o conhecimento da autoridade é fazer as coisas ao contrário. É o conhecimento que obtemos por observação que nos dá autoridade para dizer o que é e o que não é.
Mas têm razão numa coisa. A ciência nunca dará a sensação de termos a verdade última. Essa sensação só vem da ignorância.»(«Ao contrário.», no Que Treta!)
Um jogo Benfica-Sporting. Os Benfiquistas acham que o árbitro favoreceu escandalosamente o Sporting. Os Sportinguistas acham que o árbitro estava comprado pelo Benfica. Quem não conhece a situação?
O curioso é que muitos dos indignados de ambos os lados estão-no honestamente. Pelo menos foi isto que várias experiências mostraram.
É o efeito de «percepção selectiva», outro enviesamento cognitivo natural no ser humano. As espectativas alteram as percepções, Desde as pessoas que acreditam estar bêbadas e não estão, até às várias que acreditam ter visto o Sol a dançar, a verdade é que o ser humano tende a interpretar aquilo que vê à luz daquilo que espera ver, e muitas vezes ignora dados, ou vê coisas que nunca aconteceram. Não são só os loucos, ou os mais alucinados: é o ser humano normal.
Assim sendo, quando se reza e se espera uma resposta, é possível interpretar o que acontece em seguida como sendo extraordinário, mesmo que não o seja. É possível ignorar tantas coincidências quantas se queiram, e dar apenas atenção àquelas que parecem ser resultado nas nossas orações.
A percepção selectiva não conduz à religião por si. Conduz à manutenção das expectativas, sejam elas quais forem. Dificulta a mudança de paradigma, a aprendizagem. Para quem foi ensinado que Deus existe, este enviesamento cognitivo tornar-lhe-á mais difícil abandonar esta crença, mesmo se surgirem dados que indiciem o contrário.
A influência cultural do clero, da religião e das igrejas não tende a acentuar este enviesamento cognitivo, nem a esbatê-lo. A forma de sermos cada vez menos afectados por ele é mesmo a aprendizagem de ideias diferentes, a discussão livre de ideias, a ginástica mental, a convivência com quem interprete a realidade de forma diferente.
Uma sociedade menos afectada pela percepção selectiva terá maior facilidade em abandonar ideias sem sustentação empírica e racional que as justifiquem. E isto pode ser prejudicial para a religião.
As eleições devem ser disputadas simultaneamente em todo o território, e não é por acaso. Existem uma série de factores que influenciam os eleitores que votarem depois de alguns resultados serem conhecidos, alterando o seu sentido de voto. Um deles é o efeito de rebanho.
Nos EUA fizeram-se uma série de experiências. Numa delas eram dados a dois grupos de pessoas diferentes uma série de cenários hipotéticos, com informações imaginárias sobre cada candidato, pedindo a cada pessoa para simular um voto. Mas enquanto num dos grupos dizia-se que um certo candidato era o vencedor mais provável, no outro dizia-se que era outro. As votações diferiram muito, principalmente entre os indivíduos que não eram próximas do partido republicano ou democrata – nestes casos a probabilidade de votar num candidato, sabendo que era o provável vencedor duplicava! E mesmo entre os eleitores mais próximos de um dos partidos, a probabilidade de votar no candidato apoiado pelo partido adversário aumentava sabendo que se tratava do provável vencedor.
Muitos indivíduos procuram estar no lado que lhes parece mais «forte», confundindo a força dos apoiantes de uma posição com a justiça dessa posição. Não é por acaso que nas campanhas políticas são afixados tantos cartazes quase sem conteúdo: cada partido tenta mostrar a sua força, pois sabe que muitos eleitores são influenciados por este efeito.
Assim, a propaganda sobrepõe-se à discussão racional das ideias, e ficamos todos a perder. O pior é que nenhum indivíduo reconhece estar a ser vítima deste efeito, e assim é mais difícil contrabalançá-lo e proteger-se dos seus efeitos perniciosos.
A religião maioritária numa sociedade também é altamente favorecida por este efeito. Isto explica muito da história do cristianismo: a conquista dos corações através de demonstrações de força e de poder, que foram acontecendo através dos tempos. O islamismo teve, e tem, uma história parecida a este respeito.
Este enviesamento cognitivo não só favorece a crença nas religiões dominantes, promovendo as demonstrações de força e de poder, e dificultando a livre discussão de ideias, a extinção dos preconceitos injustificados e a prevalência da razão e do conhecimento, como também é favorecido por estas religiões e pelo impacto cultural que têm.
Importa evitar ser vítimas deste envisamento cognitivo, mas isso também significará que as religiões maioritárias vão consequentemente perder força e influência.
Enquanto a al-Qaeda ameaça Salman Rushdie e a Grã-Bretanha e um ataque talibã mata 12 crianças no Afeganistão, termina de forma cruenta a resistência de radicais islamitas na Mesquita Vermelha de Islamabad.
Só na última noite foram mortos mais de cinquenta crentes cujo fanatismo os levou a procurar o martírio: uns por medo de Deus, outros por temor ainda maior dos clérigos.
O líder rebelde, Rashid Ghazi morreu em combate como lhe exigia a fé e o desvario. Ele apenas tirou bilhete de ida para o Paraíso onde 70 virgens o aguardavam nas margens de um rio de mel à sombra de árvores frondosas. Mas também perderam a vida dezenas de vítimas fanatizadas e pessoas aterradas pela crueldade de Deus e a violência do clero.
Acontece nas sociedades tribais e nas religiões um eterno desejo de retorno às origens. É difícil erradicar a violência sectária sem estabilizar Estados laicos e fazer a pedagogia dos Direitos do Homem.
A que a população islâmica mais aprecia no Ocidente, contrariamente ao que se julga, é a liberdade religiosa, embora não saiba quanto custou a liberdade do jugo clerical e do seu poder totalitário. A democracia não foi um milagre da Providência, tem uma longa história de mártires que não ascenderam aos altares nem à perpétua glória do Paraíso.
Sem a separação da Igreja e do Estado não há liberdade, não existe democracia, não se defendem os Direitos do Homem nem a mulher deixará de ser um objecto vítimas de quem detém o poder e domina a sociedade. E a teocracia é a antítese da democracia.
Entre outros, os estudos de Ellen Langer mostraram que as pessoas tendem a considerar que acontecimentos puramente aleatórios podem estar sob o seu controlo. Nos casinos, por exemplo, as pessoas tendem a lançar os dados com mais força para obter números mais elevados, e com emnos força para obrter números mais baixos.
No lançamento de uma moeda, aqueles que começam por adivinhar mais se cai cara ou coroa, acreditam que têm uma habilidade «adivinhatória». À medida que futuros lançamentos mostram que estão erradas, o fenómeno da negação já descrito fá-las atribuir os fracassos à falta de concentração ou qualquer outro factor do tipo.
Este fenómeno tem o nome de «ilusão de controlo» e aplica-se a muitos outros casos. Desejar com força que a selecção portuguesa vença a final para que as suas probabilidades melhorem, ou ir de joelhos a Fátima para que o irmão que está no hospital melhore, são tudo manifestações deste enviesamento cognitivo.
A razão pela qual esta tendência está presente em todos os seres humanos é fácil de entender: como em qualquer animal, o nosso cérebro tem a função de se adaptar e tirar proveito do seu ambiente, e com milhões de anos de selecção natural em tribos, ele está adaptado para processar processar intenções, parentescos, favores, amizades, inimizades, direitos, obrigações… Os nossos neurónios estão habituados a descortinar intenções em tudo, mesmo naquilo que é casual, e identificar como estando no nosso controle algo que não está poderia ser menos grave, em tal sociedade tribal, do que o erro oposto, criando uma pressão evolutiva que promoveria tal enviesamento cognitivo.
Isto poderia ser verdade numa sociedade primitiva, mas não é verdade na sociedade actual. Uma série de estudos vieo demonstrar que maior propensão para este tipo de ilusão tende a resultar em decisões menos sensatas, má gestão de risco, e maior dificuldade em aprender com a experiência. Um destes estudos focou-se nos analistas de um banco de investimento, concluindo que os mais susceptíveis a estas ilusões tendiam a ter uma pior performance e ganhar menos.
Assim sendo, é natural esta propensão para a ilusão de controlo, mas é também perniciosa. Não só temos de tomar uma série de opções importantes na nossa vida pessoal e profissional, as quais só terão a ganhar com a sensatez e sabedoria no processo de decisão, como, enquanto eleitores, temos de tomar decisões importantes para a gestão da comunidade em que estamos inseridos.
Um fenómeno que tira proveito deste tipo de ilusões é a religião. Algumas, até encorajam, e a Doutrina Católica não se opõe a fenómenos como Lourdes ou Fátima, optando ao invés por promovê-los. As danças da chuva são substituídas por procissões, e as orações dos fieis pedem a cura de doentes, etc… Muitas pessoas em vez de serem educadas a evitar este tipo de ilusões, crescem a acreditar que rezar as pode ajudar a resolver os problemas que estão para além do seu controlo directo.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.