Crente «moderado»: Normalmente considero que 2+2=4, mas admito que já tenha sido 5, possa vir a ser 5, e na minha dimensão espiritual e de realidade transcendente parece-me óbvio que 2+2=5.
Ateu «moderado»: Eu sei que 2+2=4, mas não ando por aí a dizê-lo porque pode ofender quem acredita que 2+2=5.
Ateu «militante»: Olhem lá. Tenho um, dois seixos. Junto mais um, dois seixos. Fico com um, dois, três, quatro seixos. Mas qual é o vosso problema?
» («We all seem to be in an arithmetical mood today», no Pharyngula, e traduzido livremente no Que Treta)O núncio apostólico em Espanha, Manuel Monteiro de Castro, acusa os meios de comunicação de serem particularmente cáusticos para com os escândalos sexuais da Igreja católica, nomeadamente a pedofilia.
Até é natural que o embaixador do Vaticano tenha razão, que a comunicação social seja mais agressiva para as agressões sexuais perpetradas por padres do que por padeiros, por exemplo, que um escândalo sexual de um bispo seja mais mediático do que o de um trabalhador da construção civil, que a violação de uma criança seja mais chocante por um monsenhor do que por um cavador alcoolizado.
O núncio não compreende, na sua santa ingenuidade, as várias razões que podem justificar tal comportamento:
– A importância social de que o clero católico goza em Espanha;
– Os inaceitáveis privilégios que reivindica;
– A presunção de que a grande educadora é a ICAR;
– A intolerância demente contra a homossexualidade, o divórcio, a contracepção e a sexualidade em geral;
– O passado de violência da ICAR na evangelização da América Latina (que o Papa disse pacífica);
– A violência cega e furiosa da Inquisição espanhola contra os judeus e todos os inimigos da fé;
– A cumplicidade com a ditadura de Franco e o vergonhoso silêncio perante os seus assassínios;
– A provocação permanente à democracia e as manifestações públicas contra o Governo legal;
– A gula com que pretende parasitar os cofres do Estado;
– A histeria com que pretende tornar universais os preconceitos morais católicos;
– O poder excessivo e obsceno de que goza na sociedade e no aparelho de Estado.
Eis algumas razões que justificam a atenção que lhe presta a comunicação social, atenção que não lhe faltou quando o actual Papa, em viagem política, visitou Espanha e a ICAR se preparava para fazer ajoelhar Zapatero numa missa a que a sua dignidade o impediu de assistir.
A Igreja Católica continua estagnada, as suas convicções são imutáveis, superficialmente se tenta adequar ao Secularismo, agarrada de unhas e dentes aos poderes económicos e políticos, se indulgências pagavam qualquer crime, o mesmo continua como convicção. Para todos os crimes possíveis e muitos imaginários existiam taxas a pagar, valores diferentes consoante os crimes, destaca-se o paralelismo entre a mesma noção de pecado, coisa que com rezinhas e ajoelhamentos é perdoada, pior castigo apenas vidas de penitência, um grande monte de nada, pouco importava, as vitimas inocentes se mortas iriam passear pelo paraíso, pouca preocupação afinal seria de esperar e mais uns cobres calham sempre bem.
Promulgada em 1517, a Taxa Camarae do papa Leão X destinava-se a vender indulgências, tudo era perdoado a troco de uns trocos, vejamos o segundo dos seus 35 artigos: “Se o eclesiástico, além do pecado de fornicação, quiser ser absolvido do pecado contra a natureza ou de bestialidade, deve pagar 219 libras e 15 soldos. Mas se tiver apenas cometido pecado contra a natureza com crianças ou com animais e não com mulheres, pagará unicamente 131 libras e 15 soldos.“. Obviamente que os crimes sexuais não caíram de pára-quedas na Igreja Católica agora, existem desde que a Igreja existe, as suas crenças e fé os possibilitam e em muitos casos os potenciam.
Confrontada com o Secularismo a Igreja Católica defende as mesmas posturas defendidas desde sempre, o dinheiro faz justiça, crimes sexuais são meros pecados que depois de rezinhas são esquecidos, e venha o próximo, 660 milhões de dólares de indemnização a vítimas dos dementes da arquidiocese de Los Angeles, valor pago em nome da justiça, mais será um valor pago para que não se faça justiça. Dos 113 criminosos apenas 4 enfrentam os tribunais. Método usado em 2004, a arquidiocese de Orange pagou 100 milhões de dólares para encerrar 90 processos, em 2005 a diocese de Oakland pagou 56 milhões de dólares para perdoar os seus pecados contra 56 vítimas, em 2006 a diocese de Convington pagou 84 milhões de dólares a 350 vítimas, e a lista continua.
Obviamente que os problemas não sucedem apenas nos E.U.A., da gigante lista podemos encontrar milhares de acusações pelo mundo fora, as justiças inexistem, ou tomam a forma de suspensão. Pelo andar da carruagem a única forma de se acabar com a pedofilia da Igreja Católica é esperar, esperar pela falência, o que certamente demorará imenso tempo.
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Subterfúgios é uma evasiva criativa à racionalidade e às realidades torpes fornecidas por politicas, religiões e jogos de possessão e submissão, é uma forma de anti-arte, uma forma das infinitas possíveis, de usar livremente o pensamento e o exprimir sem amarras, sem leis de obrigação e negação, sem preocupações estéticas e morais. Não se inventa a roda, mas dela se pode usufruir ao máximo das capacidades, nome do inventor é desprezível, tudo é inventado no pensamento, aquele que pode ser usufruído livremente em todo e qualquer contexto.
O processo de criatividade é sempre moldado e enriquecido por contextos externos, revolução permanente, nele destaco grandes revolucionários ideológicos nas realidades e ficções, André Breton, impulsionador do movimento surrealista, expressão ditada pela ausência de qualquer controlo, liberdade na mais pura essência, nele se englobam Luiz Buñuel, René Magritte, Dalí. Também em Espanha Orwell encontrou a liberdade, seu conceito, entre os anarquistas libertadores, conceito esse tão incrivelmente exposto na sua inversão em 1984.
Em Solaris de Stanislaw Lem encontrei o conceito máximo do conhecimento Humano, o seu limite, ficção e psicologia elevadas ao máximo, quando não entendemos a realidade por esta ser excessivamente complexa tão fácil será dizer “não sei”. Kafka demonstra o mundo surreal dos Homens, o conceito de degeneração, um ciclo aparentemente imparável de opressão e submissão, hierarquizações infinitas e a perda completa do sentido de existência Humana.
Pela incrível paixão pelo pensamento e conhecimento, sua defesa em qualquer contexto, saliento Giordano Bruno, o homem que sozinho enfrentou o Império das trevas, pensou, raciocinou, conheceu e expressou a liberdade, tão incrível é ler o seu Tratado de Magia, os seus fantásticos raciocínios científicos sobre a conservação de massa e energia, capacidades da memória, infinitude do Universo, aliados às mais estranhas mitologias, relâmpago que cai do céu e queima todos os pêlos púbicos de uma mulher.
Fantásticas criatividades também encontradas sobre a forma de religiões, as que perscrutam a Natureza e dela extraem divindades mescladas com as mais puras convicções Humanas, tantos fascinios nos traz o Antigo Egipto, os Aztecas, os Maias, tão criativamente preenchiam as falhas de conhecimento, deuses e deusas magnificientes tecidos nos mais fantásticos desejos e medos Humanos.
Cinematograficamente realço a criatividade de Vicenzo Natali, Daren Aronofsly, David Lynch, Clive Barker e Alejandro González Iñárritu. Na banda desenhada Enki Bilial e Kent Williams. Na música Nitin Sawhney, Primitive Reason, Sibelius, Massive Attack, Royksopp, Banco de Gaia, Kaya Project, e sobretudo Trance Psicadélico, a liberdade no seu expoente máximo, a fraternidade plena entre Homens, Natureza e música, a plenitude pessoal, a alteração de consciência mais elevada, a reunião de tudo o que existe de benigno neste Mundo. Concepção da realidade, sem ela nunca saberia o que seria a imaginação, Sam Harris, Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Schopenhauer, Nietzsche, Bakunin, Kropotkin, etc.
Pelas criatividades das diversidades máximas me inspirei para este livro, igualmente pelos mais belos pormenores da Vida, a contemplação de uma cascata, a solidão meditativa entre Natureza inviolada pelo Homem, as excelsas experiências sexuais nos prazeres mais magnificientes, o simples acarinhar de um gato. Em plenitude de liberdade exponho aqui alguns textos do livro, uma surrealização do desejo sexual extremo em concretização do sonho impossível em Devassidões Abismais, a recta circular das vivências degenerativas em Bidireccionalidade Unilateral e um poema filosófico sobre a concretude das coisas em contraste com as superficialidades descarregadas pelas sociedades convencidas e irracionais em Perscrutação.
Criticas, sugestões, ofensas gratuitas ou encomendas podem ser feitas pelo e-mail: [email protected]
A secretária de educação do estado de Hessen, na Alemanha, Karin Wolff, anda há cerca de um ano a tentar introduzir o criacionismo nas aulas de ciência do seu Estado.
»(«Ofensiva criacionista na Europa contra-ataca», no De Rerum Natura)
A minissérie de 4 documentários “Secret files of the Inquisition” é provavelmente a melhor abordagem audiovisual à Inquisição e às Guerras Santas da ICAR, uma proeza magnífica de fornecer luminosidade ao período mais obscuro da Humanidade, mais desconhecido e enclausurado nas catacumbas do esquecimento e das hipocrisias católicas. Diversos documentos históricos foram analisados para tentar repor veracidade à História da Humanidade.
Os documentários abordam a luta dos Homens pela dignidade e pelos Direitos Humanos, a continua tentativa de encontrar o conhecimento, sempre ensombrados pelas trevas emanadas dos Estados Papais, uma abordagem leve a cerca de 600 anos de História camuflada em arquivos secretos, em destruição de documentos, morte das vozes científicas, panóplia de terror que despojou essencialmente a Europa de qualquer Humanidade. Pena não serem abordadas as evangelizações na Índia e nas Américas, mas a quantidade de conteúdo é incrivelmente enorme. Embora seja uma abordagem relativamente simples e incidente em personagens específicos, esta obra de arte permite um contacto extremamente próximo com as vítimas e os opressores dos tempos de glória da ICAR.
Pena passar completamente “despercebido” na maioria dos países, e não ser fornecida qualquer alusão à existência deste documentário, uma forma extremamente Humana de se poder prestar uma minúscula homenagem às inúmeras vitimas, aos grandes cientistas e teólogos que enfrentaram todos os tipos de tortura e de terrores sem nunca vergarem às suas convicções mais Humanas. Aqui deixo ficar a minha humilde contribuição para a divulgação deste documentário, e de uma homenagem tão efémera a gentes que tanto deveríamos homenagear.
O “Secret Files of the Inquisition” venceu o prémio de melhor documentário dramático do New York Festivals em 2007, venceu 2 Leo Awards em 2006, venceu o Gemini Award para melhor realizador, entre outros, para além de inúmeras criticas positivas por esse mundo fora, excepto, obviamente, da ICAR.
Aquando da exibição do documentário nos E.U.A., em Maio deste ano, a Liga Católica Americana, maior associação católica das terras do Tio Sam, proferiu algo que seria de esperar, “comparando com os tribunais seculares do nosso tempo, os métodos da Inquisição eram muito mais humanos“, e que nos faz lembrar que se a Inquisição hoje não faz churrascos Humanos, não é por consciência pesada da ICAR, esta nunca existe, tal não existe devido à luta de tantos Homens pela Liberdade. Ainda este ano 3 mulheres foram queimadas vivas por acusações de bruxaria em Timor, as raízes de tantos anos de trevas subsistem, notícia esta também passada “despercebida” pelos média.
Mais informações sobre o documentário no Amazon.com e no site oficial Inquisition Productions.
Também publicado em LiVerdades
A Igreja Católica foi obrigada a pagar 660 milhões de dólares de indemnização às 500 vítimas de abusos sexuais cometidos por padres dos EUA. Os casos aconteceram ao longo dos últimos 60 anos na arquidiocese de Los Angeles (LA) na Califórnia. Esta é a maior indemnização alguma vez paga pela Igreja Católica.
Fonte: TVI
Comentário: O celibato é cada vez menos recomendável para o clero e, sobretudo, para as finanças diocesanas e para a integridade das vítimas.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.