1 de Julho, 2007 Carlos Esperança
A fé e a cegueira ou a cegueira da fé
As religiões nunca trouxeram felicidade à humanidade e, no entanto, nunca lhe faltaram com a violência, iniquidade, guerras e perseguições.
A ICAR não será das piores mas o passado é mais digno de uma associação terrorista do que de um Estado, embora teocrático e totalitário. Não é na estranha monarquia absoluta electiva que alguém espera encontrar uma ideia, um exemplo, um estímulo em proveito da liberdade e da democracia. No Vaticano encontra sotainas, intrigas e sede de poder.
Recorrer à história e aos crimes perpetrados em nome de um Deus, que inventaram para consumo próprio e domínio alheio, talvez seja cansativo. Falar dos «Papas Perversos» e em «A vida sexual dos Papas» é cansativo e inútil para os crentes, tal como aludir às «Mentiras fundamentais da Igreja Católica».
Talvez tenha algum interesse, por estar próxima no tempo, falar da cumplicidade da Igreja católica portuguesa com a ditadura fascista que fez com Salazar o que Pio XII fez com Hitler. Cerejeira merecia ter sido Papa.
Quando se deportavam cidadãos, assassinavam oposicionistas (Delgado, Ribeiro dos Santos, Dias Coelho), torturavam presos e demitiam democratas, a Igreja calou-se. Mas na censura e como informadores da PIDE não faltaram padres.Quando o bispo do Porto, António Ferreira Gomes, foi exilado, nem um só bispo ergueu a voz – uma cobardia digna de tartufos, pusilanimidade à altura do evangelho da seita.
Era proibido o divórcio a quem tivesse feito o casamento pela ICAR. E era perigoso não o fazer. Um professor primário tinha de ser católico «para cumprir os fins superiores do Estado». Em Escolas de Enfermagem não se podia fazer a matrícula sem o atestado de baptismo…católico.
Isto não invalidou que a Senhora de Fátima dissesse à Lúcia que o Salazar foi escolhido por Deus para governar Portugal, confidência que chegou aos ouvidos do déspota por intermédio do Cerejeira.
Esta igreja pusilânime, perversa e perseguidora foi o suporte da ditadura, da repressão e da guerra colonial. É a mesma que anda a inventar milagres e a fazer santos de figuras tenebrosas. Ninguém a acredita, mas temos de a levar a sério na sua infinita maldade e na genética propensão inquisitória. Basta recordar os salafrários dos dois últimos Papas.