Ateísmo na Blogosfera
- «Mas é errada a premissa criacionista que qualquer complexidade indica desígnio. Um fio emaranhado é mais complexo que um novelo. Uma faca de pedra polida tem uma forma mais simples que a rocha original, irregular e assimétrica. O que temos que considerar não é se os seres vivos são complexos – são – mas se têm a complexidade que se espera de um design inteligente. E essa não têm.
Normalmente, o propósito de algo concebido com inteligência é aparente no próprio design. Uma espada, um automóvel, uma muralha de pedra, uma fábrica de rolhas de cortiça. Mas nos seres vivos não. Peixes com pulmões, moscas, pinguins, trezentas mil espécies de escaravelho. Uma diversidade enorme sem que se vislumbre um propósito, nem na vida como um todo nem em cada espécie. Não se pode garantir a ausência de propósito, mas esta complexidade caótica não sugere uma criação inteligente. Pelo contrário.
[…]Isto é inconcebível num sistema criado com inteligência. Mais uma vez, é o padrão esperado por um lento acumular de mutações aleatórias seleccionadas pela reprodução dos organismos.
A complexidade da vida na Terra é como a complexidade dos flocos de neve, das tempestades, das correntes oceânicas, dos diamantes ou do fluxo turbulento. É a complexidade de processos naturais sem propósito nem inteligência. E o contrário do que se esperava de um acto metódico, racional e deliberado. Design incompetente? Talvez. Design inteligente está fora de questão.
»(«Miscelânea Criacionista: A complexidade.», no Que Treta!) - «Aqui quis apenas dar outro exemplo que contradiz o criacionismo. É falso que as mutações só façam perder capacidades. É falso que as mutações não possam criar novos genes. Para o debate com os criacionistas não adianta dizê-lo nem mostrar evidências. Eles não querem dialogar. Querem rezar, repetindo sempre as mesmas coisas e tentando não ouvir nada do que se lhes diz. Mas pode ser que ajude a criar resistências, «enzimas mentais» para destruir mais umas tretas criacionistas.» («Penicilina.», no Que Treta!)
- «Trocando por miúdos, diz que a ciência não refuta a bíblia. Engana-se. O dilúvio global é tão compatível com a ciência moderna como a Lua ser feita de queijo. A torre de Babel é tão real como o peixe de Babel. E a queda só explica alguma coisa se tiver sido de cabeça. Mas mesmo que fosse. Vamos supor que um deus acenou a varinha mágica e tudo isto aconteceu sem deixar vestígios. O problema é que este «quadro interpretativo» não serve para nada. Nem para enfeitar serve, este universo das Caldas.
Não faz sentido acreditar em algo só porque não foi refutado. Não vou passar os dias com medo do homem invisível que ninguém pode provar não me perseguir. Para usar o famoso exemplo de Bertrand Russell, é disparate acreditar que há um bule de loiça a orbitar Plutão mesmo que não se prove o contrário. Não podemos viver assumindo como verdadeiro tudo o que não provamos ser falso.
[…]Sem nada para dizer, têm que falar muito para compensar. Repetem perguntas que já foram respondidas inúmeras vezes. Dizem que a evolução não explica mas também nunca explicam nada com o criacionismo. Afirmam barbaridades como esta de nada na ciência contradizer o dilúvio. Distorcem a ciência chamando «acaso» a qualquer processo natural, como se fosse preciso uma grande sorte para cozer um ovo ou digerir uma maçã. O resultado é só conversa fiada.»(« Miscelânea Criacionista: Blá, blá, blá…», no Que Treta!)