Ateísmo na Blogosfera
- «Mas, para lá de permitir semelhantes exercícios desconstrucionistas, o livro de Tipler é fundamentalmente desonesto. Ele afirma que o nascimento de Jesus a partir da Virgem Maria se deu essencialmente por geração espontânea, sendo Jesus portanto homozigótico XX, sendo parte de um dos cromossomas X inactivado para funcionar como Y. A prova está na análise de DNA ao sangue deixada por Jesus no Sudário de Turim – que, infelizmente para Tipler, há muito se sabe ter sido forjado no século XIV. Não contém sangue: contém tintas.
Andar sobre o mar? Ressuscitar dos mortos? Simples. Bastou esperar 21 séculos para percebermos. Segundo Tipler, as partículas dos átomos do corpo de Jesus decaíram espontaneamente em neutrinos e antineutrinos. Para andar sobre as águas, estes proporcionaram uma espécie de “almofada” de partículas sobre a qual a caminhada teve lugar. Para a Ressurreição, o processo essencialmente inverteu-se: as partículas, ao terceiro dia, “des-decaíram” e voltaram a formar o corpo de Jesus.
Tão simples quanto isto. Mas quando eu parto um copo, os cacos não se voltam a unir, pois não? É uma chatice, chamada Segunda lei da termodinâmica. Para Jesus é pior: o decaimento do protão conduz a uma diferença de cerca de 100 ordens de grandeza! Impossível, não? Não para Tipler: ele usa uma versão grotesca do princípio antrópico que afirma que, se estamos aqui, é porque aconteceu. Curiosamente, esse princípio é aplicável não apenas ao Deus cristão, mas a qualquer Deus, ou mesmo a qualquer crença.»
(«E ao terceiro livro passou-se: a pseudociência do ano», no De Rerum Natura) - «Pessoalmente, e como já referi, só subscrevo o CRAP (Princípio Antrópico Completamente Ridículo), e concordo com Neil deGrasse Tyson, director do Hayden Planetarium do American Museum of Natural History em New York, quando este diz que livros como os de Tipler são fruto de homens brilhantes que aproveitam o filão «Deus» para encher as respectivas contas bancárias.» («O que é o princípio antrópico?», no De Rerum Natura)
- «Atualmente como ateu eu acredito na inexistência de Deus assim como acredito na inexistência de muitas outras coisas que poderiam ser imaginadas. O clássico exemplo do “dragão invisível na garagem” do livro “O mundo assombrado pelos demônios” de Carl Sagan aborda muito bem este assunto. Ser agnóstico pode corresponder tanto à incerteza da existência de Deus como da incerteza da existência de algum “dragão invisível na garagem”. O ser humano racional deve procurar por indícios e provas sobre qualquer assunto pelo qual deseja esclarescer, por mais polêmico que seja. Não é incoerente afirmar que algo não existe enquanto não houver evidências que reforçe a crença de sua existência. Por acaso seria incoerente afirmar que duendes não existem? Alguma pessoa teria a “sensatez” de dizer que “a existência de duendes é algo ainda incerto”? Renunciar à certeza da inexistência de Deus pode ser comparado à renúncia de diversas outras certezas.»(«Ceticismo em debate: agnosticismo x ateísmo», no Narkus)