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Considerações sobre a violência

É evidente que a maldade ou a bondade humanas não são um exclusivo da religião que se professa ou da sua ausência.

Alguns crentes, cheios de hóstias e missas, evocam déspotas que cometeram crimes hediondos sem irem à missa. Referem um antigo seminarista e psicopata (Estaline) e, numa atitude concertada, Hitler, cujas tropas usavam na farda «Deus está connosco» o que, a bem dizer, se existisse, era bem capaz. Assim, só Pio XII foi cúmplice.

Os crimes colectivos são típicos de sistemas totalitários. O saque, a escravatura, o assassínio e a violação, por exemplo, foram direitos consagrados em épocas onde os direitos humanos não existiam e a piedade era desconhecida. Mas era grande a fé.

Hoje, são os nacionalismos e as religiões que cometem os crimes mais execráveis, às vezes de mãos dadas. Ontem foram monarquias absolutas, impérios, evangelizadores e outros biltres que quiseram converter o mundo à mesma fé e ao mesmo chefe.

É curioso que os mais execráveis sistemas totalitários se aproximaram do paradigma religioso e o chefe de um demiurgo.

Acontece que os livros sagrados conseguem ser mais perigosos e duradouros do que os panfletos violentos de «iluminados» déspotas. «A minha luta» de Hitler é um livro que foi o suporte teórico de crimes terríveis, mas é fácil demonstrar que era a obra de um demente. Vários ditadores fascistas e comunistas cometeram as maiores atrocidades baseados em valores que a civilização deitou para o caixote do lixo.

Mas que fazer da Tora, Bíblia e Corão, com milhões de pessoas que ainda pensam que foi Deus que os ditou, geralmente a pessoas pouco recomendáveis, primárias, rudes e violentas? Como transformar esses repositórios de ódio, xenofobia e misoginia em meros documentos literários sem a crueldade e demência que são atribuídos a Deus?

A resposta cabe aos crentes. Aos ateus cabe a luta pela liberdade religiosa, sem permitir que uma religião destrua outra e aniquile os que se horrorizam com os crimes da fé.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

- Sócio da Associação 25 de Abril

- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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