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Mês: Maio 2007

7 de Maio, 2007 Carlos Esperança

O Vaticano e as drogas

No pequeno Estado totalitário que Mussolini entregou ao seu amigo Papa não existem Constituição, eleições ou respeito pelos direitos humanos. É um Estado marginal, um bairro de 44 hectares onde esvoaçam sotainas, vagueiam monsenhores, deambulam freiras e o Papa dá a bênção, lança excomunhões e reina de forma vitalícia e absoluta.

No Vaticano andam cardeais à solta, bispos sem báculo e padres à espera de promoção. É o mercado onde se vendem mitras, títulos eclesiásticos e dignidades pias – um espaço congestionado de crucifixos, esqueletos e escândalos.

Os monges vão em busca de fotografias do Papa e relíquias para os conventos, as freiras pedem mais horas de reclusão e o Opus Dei o consentimento para apertar dois furos nos cilícios para maior glória do Altíssimo.

É um mundo esquizofrénico que vale a pena visitar. Escondem-se ali valiosos tesouros roubados nos países pobres e entregues ao Papa por reis dementes que julgavam ganhar o Paraíso a troco do ouro que levavam.

As drogas mais comuns são as orações, o incenso e as indulgências, placebos que excitam. Às vezes o terço, as ave-marias e as novenas também alucinam, mas quando os crentes deixam de acreditar na hóstia e nos sacramentos recorrem à cocaína.

Um funcionário do Vaticano foi condenado a quatro meses de prisão por posse de 87 gramas de cocaína mas, como não há leis nem vergonha, não foi divulgado o nome, a pena não é para cumprir e nem se sabe quem foram os juízes.

Há Estados párias que deviam estar sob vigilância policial e serem entregues à brigada dos narcóticos.

7 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Fátima – Correio dos leitores

Nos dias que correm (início de Maio de qualquer ano desde 1917), muitos são os papa-hóstias que se dirigem à pequena cidade de Fátima, em forma de agradecimento à virgem que deu à luz.

Milhares de pessoas fazem-se à estrada a pé, em peregrinação, como forma de provar à sua senhora (nossa não é certamente, que eu não a quero para nada), uma fidelidade doentia e obsessiva.

A mente de um crente acha que tem que estar agradecido a uma entidade sobrenatural pelo que se passa de bom na sua vida. Mas para aqueles que vivem na realidade, a verdade é bem diferente.

As pessoas deviam era agradecer à ciência e tecnologia tudo o que de bom lhes acontece. Senão vejamos:

– Teve um acidente de carro e sobreviveu sem grandes sequelas? Agradeça à evolução constante da tecnologia de segurança automóvel.

– Tem comida na mesa e está grato? Agradeça aos nossos antepassados que inventaram e desenvolveram a agricultura, pecuária, pesca, etc. Todas elas são tecnologias e que ainda hoje são melhoradas.

– Estava doente e foi curado? Agradeça à medicina.

– Estava doente com uma doença terminal mas entrou em remissão e ficou bom? Agradeça ao facto da ciência moderna ainda não saber tudo, pois qualquer falta de explicação científica é uma boa oportunidade para achar que foi intervenção divina.

Etc, etc…

Quantos peregrinos não morreram até hoje atropelados a caminho de Fátima? Provavelmente nesses casos a culpa já é atribuída à falta de civismo dos condutores portugueses, e não à vontade da virgem que os devia estar a proteger enquanto são pastoreados que nem ovelhas até Fátima.

a) João Brandão

7 de Maio, 2007 Ricardo Alves

A cadeira desaparecida e outras coisas mais sérias

Um leitor atento do Diário Ateísta apontou-nos uma pérola no Correio da Manhã de ontem: no hospital D. Estefânia (Lisboa) há quem se queixe do desaparecimento de duas camas, lençóis, cobertores e batas que teriam sido usados por uma rapariga infeliz há mais de oitenta anos. Mais: até desapareceu «a cadeira que Jacinta sinalizou como “o sítio onde Nossa Senhora se sentava quando a ia visitar ao hospital”». Os nossos leitores especulam que a cadeira desaparecida poderá ter ascendido ao «céu», desafiando as leis da gravidade, um processo físico que, com todo o respeito pelas crenças gerais e particulares de quem crê, me parece de realização difícil sem foguetões, mesmo aceitando que o «céu» do catolicismo seja algures na estratosfera. Mas adiante…

Fetichização dos objectos usados ou tocados por pessoas «santas» à parte, não faz qualquer sentido que um hospital público seja transformado numa espécie de museu do culto católico, ou da sub-variedade «catolicismo fatimista» (um sub-culto que parece ter ganho vida própria). Eu não tenho o direito de espalhar pelas paredes dos hospitais cartazes com os dizeres «Deus não existe», «Fátima é aldrabice» ou «Jacinta foi manipulada pelo clero». Não tenho esse direito e não quero tê-lo, embora seja verdade que o «Deus» do catolicismo não existe e que a aldrabice fatimista é uma mentira vergonhosa.

As intenções do capelão católico do hospital são cristalinas: «porque “os santos são do sítio onde morrem e não do sítio onde nascem”, o capelão defende que “Jacinta é a grande Santa de Lisboa”. Por isso, assume que “a Igreja tem a intenção de transformar o hospital num espaço sagrado”. “Um santuário com área museológica”, diz. “Há projecto e inspiração, falta juntar a vontade dos governantes.”». Um hospital público é um espaço de todos, e não pode estar ao serviço do proselitismo religioso, como não pode estar ao serviço da propaganda política. O senhor capelão católico, como todos os capelães católicos dos hospitais públicos, recebe um salário do Estado (facto que tem merecido críticas, mesmo dentro de redutos clericais como a Comissão de Liberdade Religiosa). Para nossa vergonha, usa-o para promover a religião dele e do sub-culto fatimista dentro de um espaço do Estado. Laicidade?

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
7 de Maio, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «E o amor é involuntário. Não amamos quando, como, ou quem escolhemos. É mais um mecanismo que nos compele a agir, muitas vezes contra a vontade consciente. É absurdo que um ser omnipotente seja compelido, mas sem compulsão não é amor. Se Deus tem completa liberdade de escolher quando e como ama nunca saberá o que é amar. E se não tem essa liberdade não é Deus.

    É claro que os crentes dirão que o amor de Deus é completamente diferente do nosso. Vão usar letras maiúsculas, chamar-lhe Amor Divino, e dizer que está para além do que podemos compreender. Mas então sejam honestos. Digam que Deus é X e que não fazem a mínima ideia do que estão a falar. O amor sabemos como é. E é coisa de humanos, não de deuses.[…]

    A Terra não se importa se sofremos ou prosperamos. A chuva não cai onde precisamos. Este universo é cem mil vezes mais velho que a humanidade. Nenhum planeta notou quando aparecemos. Nenhuma galáxia se importa com o que nos acontece. E nenhuma estrela vai dar pela nossa falta quando fundir o carbono e azoto de que somos feitos em elementos mais pesados.

    Este universo não se importa. Não se preocupa. Não ama, não odeia, não perdoa nem vinga. Nem sente. Simplesmente é. Se existe deus, não é amor. É uma infinita indiferença.»Mente e fisiologia, parte 5: Deus é Amor?», no Que Treta!)

  2. «Quem se entrega à procura racional de verdades parece retirar imensa satisfação do próprio acto de investigar: levantar hipóteses, explorar possibilidades, descobrir objecções, refinar teorias, fazer observações cuidadosas, deter-se em pormenores fundamentais. Pelo contrário, quem sente maior atracção por uma ou outra forma de tradições sapienciais — seja a New Age, a astrologia, a religião ou o ocultismo — parece não ter qualquer gosto nas actividades referidas, retirando antes a sua satisfação da posse da certeza inabalável, da sensação de que se alcançou uma Verdade fundamental que agora resta aplicar e reinterpretar, para se poder ir à vida, entretanto vivencialmente transformada pela Verdade.» («A emoção da omnisciência», no De Rerum Natura)
  3. «Apesar da hierarquia da Igreja Católica de Roma não se perder de amores pela Revolução de Abril, – nem ser de uso, comemorar a Revolução dos Cravos nas igrejas — o seu mais alto representante em Portugal, Cardeal Patriarca, foi convidado a assistir à cerimónia oficial que teve lugar na Assembleia da República.

    Ora acontece que, ao longo do século XX, a Hierarquia Católica, com raríssimas excepções, apenas mostrou simpatia e apoiou o golpe militar de 28 de Maio de 1926, tendo aderido às soluções orgânicas que o Estado Novo encontrou para lhe devolver a influência que perdera com a Revolução Republicana.

    Ao enviar uma carta, pedindo o esclarecimento sobre o critério que levou ao convite deste chefe religioso, a Associação República & Laicidade, fez o que muitos de nós gostaríamos de ter feito.»(«Milagres (3)», no PUXAPALAVRA)

7 de Maio, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

E se o Papa fizesse o Lisboa-Dakar?

5 Quilómetros de estrada em terra foram asfaltados no Brasil, na ligação à Fazenda Esperança, para que um tal de Ratzinger não sinta o mínimo desconforto de uma viagem exigente em estrada mal tratada. O pedido em forma de obrigação veio do Vaticano, e os responsáveis pelo lugarejo aquiesceram a tal intransigência com toda a nobreza do servilismo católico, dedicando as suas atenções ao assunto primário de não empoeirar os veículos clericais que passarão no local.

O Brasil obteve a visita nobre da cabeça do polvo católico, que debitou uns quantos dejectos imorais, levados posteriormente pelos tentáculos clericais às massas leigas e sedentas por falsos moralismos. Aquilo que tipicamente se define como evangelização.

Num país que já acumulou mais de 183 mil mortes motivadas pela SIDA, nada melhor que levar ao palco principal a voz primária da defesa dos direitos dos vírus, e consequentemente inimigo dos preservativos, esses monstros que impossibilitam a livre proliferação desse indefeso organismo. Os vírus também serão filhos de deus.

Enquanto no Brasil 250 mil mulheres são internadas, por ano, em Hospitais devido a problemáticas de saúde causadas pelo aborto clandestino, políticos investem dinheiro e unem esforços para resolverem as problemáticas da terra que indignifica a passagem daqueles que investem tempo e dinheiro em diarreias verbais de criminalização e humilhação feminina.

Enquanto políticos se preocupam com que não exista uma única poeira que suje as vestes travestis de Ratzinger, os problemas acontecem, e pior ainda, são exponenciados dramaticamente pelas defecações clericais.

Sabendo que o Raly Lisboa-Dakar tem mais de 9000 quilómetros, maioria dos quais em péssimas condições de circulação rodoviária, o que aconteceria se Ratzinger decidisse fazer o trajecto no seu papamóbil?

Também publicado em Ateismos.net e LiVerdades

6 de Maio, 2007 Carlos Esperança

A Igreja católica cheira as desgraças

O desaparecimento da inglesinha
Três dias depois do desaparecimento da menina inglesa, Madeleine, de um apartamento na praia da Luz, em Lagos, a polícia portuguesa prossegue as buscas.

O desaparecimento de Madeleine, de três anos, possivelmente raptada, é motivo de alarme e merece a preocupação e solidariedade de todos.

Fazer da tragédia da criança e da desolação dos pais um circo místico com a montagem de um número pio, com a inclusão do terço, é um acto vil de utilização da fragilidade humana.

As religiões são assim. A cada patifaria da sorte, em vez de execrarem a incúria divina, pedem ao mito a ajuda que não tem, o milagre que não pode.

Nem a criança desapareceu por vontade de Deus nem aparecerá por remorso dele. São vãs as orações e, quanto à ansiedade dos pais, faz mais um calmante do que uma novena e para a descoberta do eventual criminoso é mais útil um cão bem treinado do que a Senhora de Fátima.

As orações são inutilidades que os crentes debitam e os padres aproveitam para proselitismo. Nenhum clérigo com alta de um hospício acredita que Deus se meta na investigação policial ou estimule o faro dos cães que procuram a criança desaparecida.

Vale mais o nariz de um cão treinado do que o Deus gasto por séculos de mentiras e insucessos.

O mundo gira sem interferência de Deus. É cruel confiscar a dor dos pais para promover a fé e usar o desespero para uma operação de marketing religioso. Fazê-lo é uma atitude rasteira de quem substitui a razão pela fé e a solidariedade pela genuflexão.

Uma bruxa não faria melhor.

6 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Fazer a maratona sem sair de casa

Próxima Peregrinação de Carlos Gil

Caminho de Lisboa – Fátima16 de Julho de 2007

1º dia – Cascais – Lisboa
2º dia – Lisboa – Vila Franca de Xira
3º dia – Vila Franca de Xira – Azambuja
4º dia – Azambuja – Santarém
5º dia – Santarém – Monsanto
6º dia – Monsanto – Santuário de Fátima
7º dia – Cumprimento das promessas e presença nas comemorações

Por 2500 euros cumpre promessas de peregrinos de qualquer parte do mundo.
a) 1atento (leitor do DA)

6 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Papa lembra ligação a Fátima

Todos conhecemos a ligação do Vaticano a Fátima. É um rio de dinheiro que nasce na Cova da Iria e desagua no Vaticano, um caminho de sofrimento que produz chagas nos joelhos e não tem saída para o Céu.

Quem fez de Fátima um anjódromo e de uma azinheira um local para aterrarem virgens também inventou as cambalhotas do Sol e embruteceu as três inocentes criancinhas que preferiram a catequese à escola e a oração à leitura.

Fátima não é apenas um embuste para aliviar as magras carteiras dos simples e espoliar o ouro dos desesperados, é o epicentro de uma montagem clerical contra a República e, por extensão, contra o comunismo.

Em 1917, o país rural com soldados em França, infestado de padres trauliteiros e bispos miguelistas, era o húmus ideal para plantar virgens e fazer ralis de anjos. O terço era a ocupação dos supersticiosos para aplacar a ira de um Deus troglodita que precisava de padres-nossos e ave-marias para livrar as pessoas do comunismo e do Inferno.

Os parasitas de Deus andavam possessos com a lei da separação da Igreja e do Estado, com o registo civil obrigatório e o divórcio. O mercado das hóstias começou a entrar em crise e o ódio dos retalhistas a subir em flecha. Só aliviaram com a ditadura salazarista.

Diz B16 que «muitos foram os fiéis que acorreram à Cova da Iria para pedir a protecção de Nossa Senhora nas suas dificuldades». Isso é verdade, mas não há a menor suspeita de qualquer milagre e há a certeza de dezenas de atropelamentos mortais nas estradas antes de chegarem a Fátima e não há o menor indício de que fosse essa a graça pedida.