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Mês: Maio 2007

15 de Maio, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

I.U.R.D. e os quebrantos

A I.U.R.D. é uma das maiores aberrações intelectuais da Humanidade, baseada em conceitos medievais devidamente encaixados nas tecnologias de informação mais avançadas. Exercem medicina, advocacia, psicologia, psiquiatria, até vendem a tia e dão a avó como brinde se dai conseguirem dízimos para enviar para a conta bancária de deus, ele não precisa de dinheiro, já roubou o necessário, para os pastores fica. Fatiotas janotas e passeios de iate, deus não lhes pediu nada mas eles fazem na mesma.

Entre as infindáveis intrujices mirabolantes que fazem circular por jornais, televisão, internet, boca a boca até, sem enroscamento de línguas ao que parece, exemplificarei uma delas, aleatoriamente escolhida claro está, tal qual aleatoriamente eles escolhem uma crente de um ajuntamento e lhe perguntam: “Então senhora Lucinda (este personagem é fictício, e aleatório!), que a traz por cá?”, o quebranto.

O quebranto, segundo os pastores da seita, “é uma paralisia da vida de uma pessoa, cujos sintomas são o desanimo, a apatia, a falta de forças, a insónia e a incapacidade de decisão.”. Todos estes factores são o quê? Segundo eles “fortes feitiços de magia negra, pagos a peso de ouro para destruir uma pessoa ou uma família.”. A cura nem é necessário perguntar, eles sabem, nós não, dinheirinho na mão e está tudo curado. Psicólogos coitados, juntam-se aos magotes no centro de emprego, tão enganadinhos andavam. Vagas de emprego nestes campos, só se for a segurar velinhas no Templo Maior.

Voltando ao mundo real, os sintomas anteriormente analisados derivam de quê? Na maioria dos casos de depressão nervosa, não é necessário ser psicólogo para perceber destas andanças, ficando os pastores com a palavra “mentirosos” associada aos seus nomes. Intrujões também se adequa. Impostores idem. Também trapaceiros. Ou então charlatães. Quem sabe o melhor termo não seja mesmo embusteiros? Pantomineiros também se coaduna.

A depressão nervosa é um problema médico, e não espiritual, acarretando uma percentagem sexual extremamente curiosa, mulheres em dobro, mulheres aos montes são vistas pelos hospícios IURDianos, estranhamente lá se trocam as coisas, dementes a médicos. A depressão deriva de problemas neurológicos, frequentemente associados a problemas de emissões de serotonina, um neurotransmissor que em níveis baixos acarreta problemas no sistema nervoso central, daí podem surgir variadas manifestações, desde alienação social até obsessões compulsivas, onde são catalogadas, entre outras, as rezas.

O tema é complexo e relativo, cada um é diferente do outro, assim não existem depressões iguais, semelhantes talvez. Algumas resolvidas com inibidores da recaptação da serotonina, tão simples quanto isso, resta às vitimas das depressões chegarem aos medicamentos, trajectória à qual as sociedades deveriam ter o bom senso de ajudar, de encaminhar. Bom senso deveria ter cada um de nós, integrante de uma sociedade Humana, de uma espécie, em ajudar quem necessita, e deles afastar as carraças e as sanguessugas. Parasitismo de desinformados é reles e vil, desinformados e doentes é cruel e nauseabundo.

Em favor das libertinagens religiosas se abrem portas aos dementes IURDianos, abutres dos desafortunados, dos embrutecidos, dos envelhecidos e adoentados. Quem de Humano se identifica, de apoio mútuo se acerca, de moral se apruma, se manifeste inequivocamente contra o parasitismo de pessoas debilitadas. Tais carraças passam pelas leis como faca quente em manteiga, não passam pelos Humanismos. Leis às resmas e inúteis, bom senso e apoio mútuo coisa rara. Raridades valem mais.

Também publicado em LiVerdades e Ateismos.net

14 de Maio, 2007 Carlos Esperança

O desaparecimento de Madeleine McCann

O desaparecimento da menina inglesa, no Algarve, deu origem à doentia exploração da comunicação social.

Os telejornais abrem com meia hora sem notícias na demente perseguição do mórbido e na devassa da vida íntima do casal que perdeu a filha. Não há sentido de proporções, a ética foi exonerada e os sentimentos são explorados de forma vil e degradante.

O drama da menina de quatro anos, Madeleine McCann, merece a contenção e pudor que a conquista de audiências não justifica. Claro que o genocídio do Darfur é longe, as vítimas são feias e pobres e a morte por inanição ou lapidação já faz parte do dia-a-dia.

Há dez dias que os virtuosos pais são acompanhados na praia, na piscina e nas devoções pias: orações e missas com homilias preparadas. Em Fátima, os peregrinos esqueceram os pedidos próprios e levaram fotos da criança à Virgem. O massacre informativo é uma desmedida manifestação de mau gosto.

Há nesta febre demente um masoquismo malsão, uma mistura de atrofia mental com a coscuvilhice rural, um sofrimento colectivo que parece uma fuga à realidade quotidiana e às responsabilidades de cada um.

Transformar os pais, que por incúria ou fleuma deixaram sozinhos os três filhos de tenra idade, em modelos é o início de uma nova devassa que transformará em vilões os heróis fabricados pelos noticiários e exaltados pelas convicções religiosas.

A juntar à tragédia da criança e à dor da família vem aí a decepção dos espectadores.

14 de Maio, 2007 Carlos Esperança

É preciso topete!

Ontem, no Brasil, o Papa expressou a sua preocupação pelo aparecimento de formas autoritárias de Governo na América latina.

B16 é um modelo de tolerância e o Vaticano um exemplo de Estado democrático.

14 de Maio, 2007 Ricardo Alves

O fracasso brasileiro de Ratzinger

Lendo a imprensa brasileira, a conclusão que se retira é que a incursão de Ratzinger pelo Brasil foi um tremendo fracasso. Politicamente, ouviu um sonoro «não» de um político que raramente se impõe. E teve menos pessoas a idolatrá-lo em público do que em qualquer festival católico de verão que tenha realizado na sisuda Alemanha.

Foi uma surpresa positiva que Lula da Silva, um Presidente ambíguo e pouco dado a rupturas, tenha dito a Ratzinger que o Brasil vai «preservar e consolidar o Estado laico». B-16 pedira, nessa entrevista, uma Concordata que garantisse os privilégios a que a ICAR está habituada noutros países: isenções fiscais e ensino do catolicismo na escola pública a expensas do Estado, por exemplo (com o acinte extra da obrigatoriedade do ensino do catolicismo). Também quereria interferir, aparentemente, na legislação sobre aborto e distribuição de anticoncepcionais. Levou, em tudo, um rotundo «não».

Nas acções de massas, a decepção de Raztinger também foi grande. Teve menos pessoas do que se esperava, e não há jornal que não frise que o catolicismo brasileiro está em regressão demográfica, em perda para as igrejas evangélicas. Uma perda de influência que se estende a toda a América Latina e que Raztinger não parece ser capaz de inverter.

Como se não bastasse, a sua viagem levou a imprensa brasileira a entrevistar os «teólogos da libertação» (como Leonardo Boff) que Ratzinger tanto detesta e que tanto tem perseguido. Enfim, uma semana aziaga para o Papa alemão.

Espero que, pelo menos, o Sapatinhos Vermelhos tenha tido tempo para umas caipirinhas…

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
14 de Maio, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Catolicismo e as bisbilhotices sexuais

Das sarjetas católicas brota um rato de esgoto psicopático, orientador das arquitecturas e canalizações, deseja desaguar nos boeiros propícios e assim o faz. Os gatos andam nos telhados a apanhar sol, e cios para aqui e para acolá desviam sexualmente, ratos de esgoto que se empecilhem entre si, até porque caem mal no estômago e sabe-se lá por andaram com a boca.

Big Brother enlouqueceu o chefe dos ratos, Orwell não interessa, mídia e bisbilhotice rende mais e mais canalizações produz. Todos os que não cumpram as regras sexuais dos ratos de esgoto são sujos, disse Ratzinger, aludindo à limpeza de não ter relações sexuais, mais limpo só com toalhetes de cheiro a rosas e humidificados, um ou outro incenso a queimar e algodões não enganam.

Todos os que pratiquem sexo antes das cerimónias de acasalamento carimbadas por deus e pombas são sujos, também o são se o sexo for desta ou de outra maneira, Kamasutra é melhor não ver e não praticar. Manias de saber quem vai ou não, que se faz ou deixa de fazer na casa do vizinho é sinal de pouca vida e muito tédio.

Se Ratzinger e ratos da espécie não conseguem arranjar temas de conversa das suas vidas, que se deliciem nos esgotos e siga a caravana, antes caravela que estamos em terrenos lusófonos. Tal não lhes apetece, apetites são vastos, mais ainda os que não próprios, os dos outros. Dizer que este ou aquele é desviado sexualmente é revista cor-de-rosa a mais e vida própria a menos. Tenho o meu desvio, claro está. Para a esquerda, testicularmente não sei se lhe interessa, melhor enviar a correspondência pelo espírito santo, rezando às Fadas e Duendes de Saturno que não me manche excessivamente a carta com carimbos verdes de dejecto.

Todos prestamos contas a deus, claro está, um deles pelo menos, se quisermos a vários, insurrectos não faltam. Melhor encaminhar a correspondência rapidamente para prevenir engarrafamento do sistema. Prestem contas do que fazem na cama, o que fazem, se é para a esquerda ou direita, se por cima ou por baixo, se demora muito ou pouco, se mete pelo meio algemas e chicotes, espancamentos pode ser mas tem de deixar pisadura, assim dita a lei de deus nas bíblias, apedrejamentos era o mais normal, mas vulgo espancamento não está mal. Deuteronómio recomenda a pedra. Carimbo verde do espírito santo, esfregadela do rabo para melhor lacrar, e presa na pata lá vai. Contas feitas, depois se decide o desvio sexual. Acentuado vai para a fogueira, mas caso seja leve vai para a fogueira. Queimar para a eternidade que estas coisas de pénis desviado são infernais.

Limpinhos os clericais com toalhetes de odor a rosas, sobem aos céus, desvio não houve, pedofilia não conta, muito menos violações, santos são eles e nas nuvens passam a eternidade, a masturbarem-se porque os anjos não possuem sexo.

Também publicado em LiVerdades e Ateismos.net

14 de Maio, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «O cérebro serve para o animal se orientar e prosperar no seu ambiente. Nisto não somos excepção, mas o nosso ambiente é peculiar. O nosso cérebro serve-nos para prosperar em sociedades complexas, e é uma máquina de processar intenções, parentescos, favores, amizades, inimizades, direitos, obrigações…

    Com cem mil milhões de neurónios dedicados a identificar quem e para quê não é de admirar que esta espécie seja tão religiosa. Tudo julgamos ser obra de Alguém. E, é claro, o Grande Chefe tem que ter mulher, filhos, ajudantes e subordinados. Religião é projectar no universo a estrutura social que construímos aqui à nossa escala microscópica. E o nosso cérebro especializou-se nestas hierarquias […]

    Ajudas o meu filho e eu ando cinquenta quilómetros a pé, ou coisa do género. Se Maria tem esses poderes e se é em Fátima que os manifesta, vale a pena tentar. Deus é demasiado vago e distante para estas coisas.

    Hoje celebra-se um exemplo da maior treta na religião. […] As pessoas relacionam-se com o universo como se relacionam entre si. Pedindo, oferecendo, bajulando, sacrificando-se, ajudando, trocando favores e amizades. É o que fazemos melhor. Quem não disse já uns palavrões ao computador ou nunca pediu desculpa ao cão se o pisou? A verdadeira religião, a religião dos crentes, é ligar-se dessa forma a tudo o que os rodeia.[…]

    É triste que milhões de pessoas levem tanto a sério as fantasias de uma criança. Mas o relato que bispos e papas teceram à volta deste acidente sociológicoo é que é uma Treta de se lhe tirar o chapéu.»Treta da semana: Nossa Senhora de Fátima.», no Que Treta!)

  2. «Entre os presentes nessa data estava um dos mais destacados dirigentes do movimento católico, Domingos Pinto Coelho. Este advogado e proprietário miguelista, fundador e candidato pelo primeiro ensaio de partido católico em Portugal (em 1901), publica na primeira página do principal diário católico- A Ordem- um testemunho em que afirma peremptoriamente que está convencido que se presenciou não um milagre do Sol, mas um fenómeno natural:[…] Ora precisamente essa analogia de circunstâncias proporcionou-se-nos ontem. (…) Vimos as mesmas sucessões de cores, o mesmo investimento rotativo, etc.” E daí concluiu: “Eliminado pois o único facto extraordinário, que fica? (…) As afirmações de três crianças e nada mais. É muito pouco» («O “FENÓMENO FÁTIMA”: os primeiros cinquenta anos de Fátima- 2», no História e Ciência)
  3. «Na segunda parte, resolveu dedicar-se às previsões e à futurologia. E lá entendeu por bem prever que a Guerra acabava nesse ano de 1917 e que os soldados portugueses já estariam de volta ao solo pátrio pelo Natal.
    O pior foi que a I Guerra Mundial, a tal guerra de 1914-18 acabou, tal como o próprio nome indica, no ano de 1918.
    Então não querem lá ver que a mãe de Deus se enganou, coitada?
    »
    Diz que é uma espécie de religião monoteísta…», no Random Precision)
13 de Maio, 2007 Carlos Esperança

A resistência da Turquia laica

A Turquia resiste. Sitiada pela Europa que a abandona às mãos dos seus fanáticos e dos fundamentalistas seus vizinhos, assediada pelo clero, cujas únicas leis que respeita são as do anacrónico Corão, a Turquia laica, civilizada e democrática sai à rua para defender os valores civilizacionais.

A Europa, medíocre e cobarde, que invadiu o Iraque e ignorou o genocídio de Darfur, insiste em invocar referências confessionais para si própria e abandona a Turquia, que a tem protegido do desvario dos mullahs e do proselitismo dos ayatolás.

Este mês, em Ankara um milhão de pessoas saiu à rua. Em Istambul foi ainda maior a multidão. Agora, em Esmirna, os turcos continuam a defender o laicismo e os princípios republicanos com gigantescas manifestações de massas. Têm consigo juízes, militares, a Constituição, a memória de Mustafa Kemal Atatürk e, sobretudo, o pavor da sharia.

A Europa, vítima de contradições internas, pusilânime e incapaz de enfrentar o populismo, condescende com os afloramentos xenófobos e abandona a Turquia que lhe serve para integrar a NATO mas despreza como parceiro digno de inclusão no espaço económico e civilizacional da Europa secular, multicultural e democrática.

A falta de grandeza e dimensão política dos actuais dirigentes europeus não vê para lá dos negócios e quem não vê mais além, nem os negócios será capaz de defender.

13 de Maio, 2007 Carlos Esperança

13 de Maio – uma farsa de 90 anos

Ontem, em Roma, eram quinhentos mil levados e acirrados por padres e monsenhores, a crocitar e uivar contra a proposta de lei que admite as uniões de facto e homossexuais. Eram a voz do ódio à diferença, da intolerância aos outros, do medo de si próprios e da sua insegurança.

Hoje, um número idêntico cantava e rezava na Cova da Iria, apaziguando temores, cumprindo promessas e mendigando graças. Virados para a Virgem de cujo barro só chega o silêncio e a indiferença da matéria inerte de que a fizeram, solicitam favores, abandonam pertences, por conta, e, na histeria própria das multidões e do ambiente prometem voltar.

Alguns chagaram os joelhos e muitos tinham os pés gretados e as pernas inchadas. Até a menina inglesa lhes serviu de inspiração para os pedidos com que esqueceram os seus.

Da padralhada veio a bênção, a missa, o terço e a procissão, mas do andor apenas chegou a mudez do barro e o fulgor das tintas que refulgem na intensidade das luzes.

Os manifestantes de Roma reclamaram o Inferno para os legisladores tolerantes e justos, os de Fátima pediram um pedaço de Céu nas agruras da Terra, uma centelha de Deus na vida de sofrimento e angústia.

Da catarse colectiva que ali os levou, resta a recordação do espectáculo grandioso das multidões, o folclore dos vestidinhos eclesiásticos, o deslumbramento dos simples com uma estátua de barro a viajar numa padiola e a vastidão de lenços a adejar à passagem do pedaço de barro pintado, em forma de mulher vestida até aos pés e com os cabelos cobertos, a ensinar a forma de trajar feminina.

Terminada a feira, regressam os peregrinos à tristeza quotidiana e às dificuldades de sempre, à espera de graças que não chegam e de milagres que não acontecem.

É a fé.

12 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Religião e morte

Lê-se e não se acredita. Vêem-se as fotografias e, entre a raiva e o asco, maldiz-se o mundo, a crueldade e a intolerância.

«El País» dá-nos conta de uma jovem de 17 anos que se apaixonou por um muçulmano e que, por amor, para casar com ele, se converteu ao Islão.

De volta a casa, dois mil curdos de uma seita satânica a que a adolescente pertencia, aguardavam para a matar. À pedrada, como manda a tradição e a honra das famílias. Demorou 30 minutos a agonia de uma vida enquanto o corpo era dilacerado.

A seita – esclarece «El País» – é uma mistura de judaísmo, cristianismo e islamismo, com numerosas regras para ambos os sexos. Os homens não podem lavar-se – nem a cara -, ou barbear-se, e as mulheres são impedidas de aprender a ler e escrever. E o azul é uma cor proibida.

O céu e o mar estão proibidos onde se vive sem azul e morre com o vermelho do sangue próprio. Nenhum credo perdoa ao apóstata.

Parece que adoram o Diabo, a face oculta de Deus, a intolerância dos preconceitos que fazem parte do ADN e constituem a matriz genética de todos os fanatismos.

Fala-se de tradição e há um sobressalto de horror que assoma nos que se libertaram da cultura da morte. Em nome dos costumes, há uma memória colectiva que, de tempos a tempos, nos assalta na orgia de horror e sofrimento que os preconceitos alimentam.

Neste Inferno que a superstição alimenta são sempre mulheres as vítimas da crueldade, as preferidas dos deuses para o sofrimento, designadas pelos hierarcas para expiarem os pecados originais e as culpas colectivas que a demência inventa.

Raios os partam.

DA/Ponte Europa

12 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Correio dos leitores – Cumplicidades com a ICAR

Sou um ex-aluno da Universidade de Aveiro. Formei-me nesta bela instituição de ensino superior há poucos anos.
Sempre senti orgulho da minha universidade (duplamente até, porque não só sou formado por ela, mas também sou aveirense), até há 4 dias atrás.

Ao ler um jornal da região, vi que a tradicional “Bênção das Pastas”, este ano, foi realizada em pleno campus universitário, na chamada “Alameda da Universidade”.
Apesar das minhas fortíssimas convicções ateias, não me oponho à liberdade das pessoas (liberdade é aliás, na minha opinião, um dos grandes estandartes dos verdadeiros ateus e humanistas seculares). Quem quiser abençoar a sua pasta, que o faça à vontade. Considero um acto assente na mais pura estupidez e ignorância, mas se é disso que gostam, façam favor.

O que me irrita profundamente, é ver uma cerimónia religiosa, com a presença oficial do bispo de Aveiro, a ser realizada no terreno de uma instituição de ensino. Já para não dizer ensino superior. E pior ainda, ensino superior público. Porque se a Universidade Católica quisesse fazer o mesmo, obviamente não podia criticar. É privada e intimamente ligada à Igreja.
O mais incrível é que o seminário de Aveiro, onde treinam os novos atiradores de hóstias, fica a não mais que 500 metros do local onde foi realizada a cerimónia.

Enviei prontamente um e-mail dirigido à reitora da Universidade de Aveiro, em nome pessoal, como ex-aluno, a questionar as razões para permitir a realização de uma cerimónia religiosa num local de ensino superior público.

Surpresa das surpresas, até este momento não recebi qualquer resposta.

Aproveitei também para enviar um e-mail à secção “Nós por cá” do Jornal da SIC. Também não obtive resposta.

É incrivelmente triste ver que neste país, o que aconteceu no campus da Universidade de Aveiro é visto como algo perfeitamente banal, normal e aceitável. Duvido que a reitora ou a SIC se dignem responder.
Para ambos, nada de mal aconteceu certamente.

Aproveitemos o 13 de Maio para rezar à virgem que os meus e-mails obtenham resposta.
Se entretanto houver desenvolvimentos, manter-vos-ei informados.

a) João Brandão