Chamem-me anticlerical, jacobino e carbonáro; acusem-me de mal-formado, herege e ateu; apelidem-me de mata-frades, frustrado e blasfemo. Não, não posso consentir que, em nome da tradição e da vontade divina metade da humanidade possa subjugar a outra metade.
A violência contra as mulheres é a cobarde perversidade de quem se habituou a dominar os meios de produção, a soberba de quem pretende usar a força contra a razão, a crueza de quem julga que a tradição lhe dá direitos e lhe confere poderes em função do género.
É preciso que a demência e a brutalidade do homem primitivo permaneçam na caverna dos hábitos e nas páginas misóginas dos livros sagrados para que o filho julgue inferior a mãe, o irmão se sinta superior à irmã e o homem com primazia sobre a mulher.
Deixem os clérigos reivindicar a ordem natural e outras estultícias, os cavernícolas uivarem de raiva e os conservadores rangerem os dentes em desespero. Não há justiça sem igualdade entre homens e mulheres, não há liberdade à custa da servidão de outrem nem felicidade que se construa na humilhação e sofrimento alheios.
A violência doméstica, quase sempre do homem sobre a mulher, é a tragédia silenciosa que se oculta dos filhos e dos vizinhos, que a lei até há pouco ignorava, a condenação à morte e impunidade com a desculpa dos costumes, dos exemplos e da vontade divina.
Ninguém é digno de respeito se o não souber merecer. A violência vertida nas páginas dos livros santos e na exegese dos teólogos que ensinam a agredir mulheres sem deixar marcas, ou que torturam, esfacelam e matam porque é um direito que lhes assiste, é uma nódoa incompatível com a civilização e a democracia, intolerável nos herdeiros do iluminismo e da Revolução Francesa.
…Talvez queiram assinar esta petição:
«O Senado está a um passo de aprovar um projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus) que incluiria as igrejas entre as beneficiárias do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Mais conhecida como “Lei Rouanet”, aprovada em 1991 pelo Congresso Nacional, o Pronac permite que empresas invistam em projetos culturais até 4% do equivalente ao Imposto de Renda devido. O projeto chegou a ser aprovado em caráter terminativo na Comissão de Educação, mas um recurso para que fosse apreciado pelo plenário impediu que seguisse para a Câmara. Uma emenda apresentada pelo senador Sibá Machado (PT-AC) obrigou a volta do texto para a comissão. Ainda precisará ser votado no plenário do Senado e depois ir à Câmara. Como o projeto original fazia referência apenas a “templos”, sem especificar sua natureza, ao estender a eles os benefícios da Lei Rouanet, o senador Sibá considerou necessário acrescentar um adendo. A emenda, que teve o parecer favorável do senador Paulo Paim (PT-RS), foi aprovada pela Comissão de Educação e deixa mais claro que o Pronac poderá ser usado para contemplar não só museus, bibliotecas, arquivos e entidades culturais, como também “templos de qualquer natureza ou credo religioso”. A proposta agora segue novamente para o plenário, onde alguns senadores prometem reagir contra a idéia. Está mais do que na hora de as pessoas envolvidas e/ou preocupadas com a verdadeira cultura em nosso País, reagirem e tomarem uma providência.»
Podem fazê-lo aqui.
O caminho para o conhecimento é tortuoso e cheio de obstáculos. Quem vai a direito movido pela fé entala-se no primeiro buraco que encontrar. Para compreender a realidade temos que usar a dúvida em vez da crença. Como o cajado do caminhante, testando se o solo é firme, se o charco é fundo, se a pedra está solta. E sem medo que a descrença estrague a realidade. Pelo contrário. Quanto mais real, mais resiste à nossa dúvida.
[…]A melhor forma de compreender a realidade é mesmo fazendo perguntas. O agnóstico, convicto que não há respostas, não sai do ponto de partida. O crente, fiel à primeira ideia que lhe ocorre, lá fica no seu buraco a imaginar que a realidade dele é diferente da dos outros. E o céptico usa a dúvida como método para abrir caminho, questionando o que pensava ser verdade, descobrindo coisas novas, compreendendo cada vez melhor onde está e o que está a fazer.
É este método da dúvida que nos dá as vacinas, a agricultura moderna, os computadores, e toda a sociedade onde agnósticos e crentes podem insistir em conforto que não sabemos nada ou que temos certezas absolutas.»
(«A dúvida como método.», no Que Treta!)You scored as Scientific Atheist, These guys rule. I’m not one of them myself, although I play one online. They know the rules of debate, the Laws of Thermodynamics, and can explain evolution in fifty words or less. More concerned with how things ARE than how they should be, these are the people who will bring us into the future.
What kind of atheist are you? |
Realizou-se em Santa Maria da Feira o sétimo Festival Internacional de Teatro de Rua, de nome Imaginarius, uma excelente iniciativa que visa a aproximação das pessoas ao teatro, à cultura e à criatividade em geral, uma das fugas aos quotidianos e às entediantes normalidades dos espectros “culturais” portugueses, a diversidade vem no dicionário e convém usar de tempos a tempos. Fora dos meios de comunicação mais abrangentes, o festival viu-se finalmente bem-sucedido, aparecendo por várias agências noticiosas, a ajudar esteve o padre Bezerra.
Umas das peças apresentadas foi fortemente agredida pela comunidade Católica, peça de nome “Market Platz 2”, apresentada pela Companhia Cacahuéte, francesa, 22 anos de existência, corridos os quatro cantos do Mundo, incentivada por vários festivais e pelo Ministério da Cultura francês. A peça era divulgada nos seguintes moldes: “Cacahuète apresenta, de forma intencional, um espectáculo obsceno, nojento, mórbido, alegre, cínico, lascivo e provocador, que combina imagens mitológicas e religiosas com alegorias decapantes, reivindicando um certo mau gosto. Certas imagens deste espectáculo são fortemente desaconselhadas às crianças e a pessoas com fortes sensibilidades religiosas.”.
A premissa para o espectáculo era simples e objectiva, critica ao presente consumismo interagido com passados religiosos. Ida à igreja ao domingo de manhã substituída por ida ao centro comercial, deus substituído pelo consumo. Escandalosa por iniciativa própria, escandalizou os católicos, claro está. Mas apenas os portugueses, em França não existiu um único registo de indignação. Quem sabe os católicos que foram ver a peça não saberiam ler, ou confundissem locais. Polémica se deu, já se sabe que para polémica são mil meios de comunicação a um osso, uns quantos católicos não gostaram da peça, bastou para a estupidez.
Porcos em cruzes e virgens marias a tirar prendas da vagina, religião e consumismo em harmonia, criatividade às resmas, tão pouca se vai vendo por estes lados, livre pensamento e livre expressão não caem bem no estômago dos encapuzados, que não comam aquilo que não querem. Bezerro falou do porco, “Pensam que somos tão ignorantes que não vemos a intencionalidade maléfica e satânica de se apresentar um porco numa cruz”. A deduzir temos primeiramente uma falácia de inversão, tenciona não ser ignorante e o é, por não saber ler ou por não saber que num Festival se costuma escolher o que ver ou não ver, baseado numa coisa chamada programa, programa esse que explicitamente advertia o conteúdo. Errado na palavra maléfica, advertir as pessoas para os problemas dos consumismos e materialismos é benéfico, não para ele de certeza, nem para a Igreja Católica. Satanismo é uma advertência engraçada, e sem dúvida que levando a Bíblia a sério, será preferível adorar o diabo, o clerical certamente já leu a Bíblia caso saiba ler, as dúvidas subsistem, e deveria saber perfeitamente que o personagem deus matou biliões de pessoas (basta para as contas o dilúvio), enquanto o personagem Satanás matou 10 pessoas, com a conivência de deus.
O padre Bezerra vai promover um abaixo-assinado para entregar na embaixada francesa mostrando o repúdio por este espectáculo, esquecendo-se de que por exemplo, a Companhia é apoiada pelo Ministério da Cultura de França, que em Portugal existe uma coisa chamada Laicidade, que o 25 de Abril já aconteceu, que quem não gosta não come, que não é provável um Ateu ou um Budista, ou um Hindu irem à missinha, e depois promoverem um abaixo-assinado ao Vaticano mostrando o repúdio pelo canibalismo, comer corpo de Cristo em bolachas e beber sangue. Todos os dias existem centenas de programas violentos na televisão, e que se saiba ninguém morreu no espectáculo, horrorizados os católicos com porcos em cruzes, rapidamente se esquecem da Inquisição, Cruzadas, pedofilias clericais e afins. Hipocrisia aos montes nos catolicismos e bezerrices.
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O aquecimento global é causado pelo decréscimo do número de piratas. É imperioso analisar o problema da extinção dos piratas, surgido por volta do século XVIII, visto estar inversamente relacionado com o aquecimento global. Este problema no ecossistema acarreta outros desastres naturais, entre os quais terramotos, furacões e afins, pelo que é imperioso salvaguardar as condições ambientais favoráveis ao crescimento e multiplicação dos piratas. É bem visível graficamente o porquê dessa necessidade, problema reportado pela Igreja do “Flying Spaghetti Monster”. Será necessária a consciencialização da população perante este problema, especialmente a nível do ensino religioso, para salvaguardar problemáticas futuras advindas destes factores.
Para mais informações consulte a Igreja do Flying Spaghetti Monster.
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O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.