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Mês: Maio 2007

2 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Deus é opressão e morte

Deus não é apenas uma criação infeliz de épocas remotas e violentos, é o insuportável algoz explorado pelos parasitas da fé.

Deus é um mito vingativo da felicidade humana, o ser misógino que a todos persegue e humilha, oprimindo particularmente as mulheres. É o demente que ameaça com penas apocalípticas a alegria e o prazer.

Entre pessoas que viajam de joelhos ou de rastos, prostradas em abjecta subserviência, emerge o mito vingador, o garoto birrento, o esbirro que aguarda um efémero momento de prazer humano para condenar o autor às perpétuas penas do Inferno.

O presidente do Irão é um sinistro devoto de Maomé, prosélito xiita que quer virar a humanidade para Meca e transformar as democracias em teocracias islâmicas. Pois até este biltre – Mahmud Ahmadinejad – foi criticado por um jornal islamita por ter beijado a mão à sua antiga professora, apesar da luva que a cobria.

É esta demência das religiões, a crueldade dos seus deuses e a intolerância dos clérigos que tornaram Deus o adversário da paz e da liberdade, um infame ao serviço das forças reaccionárias e avesso ao progresso.

A democracia nunca teve a simpatia das religiões e foi sempre em luta contra elas que os homens e mulheres se emanciparam. Das alfurjas das sacristias e dos antros dos templos brotam a intolerância, o medo e as guerras.

2 de Maio, 2007 Ricardo Alves

«O que é a laicidade?»

Foi acrescentado recentemente no sítio da Associação República e Laicidade um texto sobre a laicidade, traduzido da Association Suisse pour la Laïcité: «O que é a laicidade?».
  1. «O que é a Laicidade?
    A Laicidade é a forma institucional que toma nas sociedades democráticas a relação política entre o cidadão e o Estado, e entre os próprios cidadãos. No início, onde esse princípio foi aplicado, a Laicidade permitiu instaurar a separação da sociedade civil e das religiões, não exercendo o Estado qualquer poder religioso e as igrejas qualquer poder político.
    Para garantir simultâneamente a liberdade de todos e a liberdade de cada um, a Laicidade distingue e separa o domínio público, onde se exerce a cidadania, e o domínio privado, onde se exercem as liberdades individuais (de pensamento, de consciência, de convicção) e onde coexistem as diferenças (biológicas, sociais, culturais). Pertencendo a todos, o espaço público é indivísivel: nenhum cidadão ou grupo de cidadãos deve impôr as suas convicções aos outros. Simétricamente, o Estado laico proíbe-se de intervir nas formas de organização colectivas (partidos, igrejas, associações etc.) às quais qualquer cidadão pode aderir e que relevam do direito privado.
    A Laicidade garante a todo o indivíduo o direito de adoptar uma convicção, de mudar de convicção, e de não adoptar nenhuma.
    A Laicidade do Estado não é portanto uma convicção entre outras, mas a condição primeira da coexistência entre todas as convicções no espaço público.
    (…)
  2. A Laicidade é anti-religiosa?
    De modo algum. Pode ser-se crente e laico, como se pode ser socialista ou liberal e democrata. A Laicidade não é irreligião: ela oferece mesmo a melhor protecção às confissões minoritárias, pois nenhum grupo social pode ser discriminado.
    (…)
  3. A Laicidade é anticlerical?
    Por princípio, a Laicidade garante a liberdade de crença e de culto dentro dos limites das leis comuns e da ordem pública. Entretanto, a Laicidade opõe-se ao clericalismo logo que este preconiza discriminações ou tenta apropriar-se da totalidade ou de uma parte do espaço público.
    (…)»

(Ler na íntegra.)

2 de Maio, 2007 Helder Sanches

Números do Ateísmo


Neste estudo internacional sobre a percentagem de crentes e não crentes em cada país, Portugal encontra-se num assustador 43º lugar, com números muito semelhantes aos Estados Unidos e atrás de todos os seus parceiros europeus.

Mais importante do que entender as causas para tais resultados – embora também seja importante – é ganharmos consciência de que vivemos num dos países mais conservadores da Europa no que respeita à importância do papel que a religião desempenha na nossa sociedade. É por isso urgente provocar e espicaçar a sociedade de modo a contribuir para a alteração desta realidade.

Embora eu não seja um defensor da “evangelização ateísta”, a desmistificação da fé através da promoção da ciência e da divulgação do ideal secular deverá ganhar novos impulsos e perder a vergonha de ir à luta contra a ignorância e o ridículo.

A oposição clara a qualquer infracção à laicidade do Estado não é suficiente. Muitos aspectos da nossa vida não estão dependentes do Estado. Em cada um de nós, na nossa família, no nosso grupo de amigos, nos nossos colegas de trabalho, há sempre algo mais que pode ser feito. Fazer nada é contribuir para que também nesta matéria nos mantenhamos na tão familiar cauda da Europa.

(Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

1 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Turquia – Uma vaga esperança

O Tribunal Constitucional da Turquia abriu a porta a novas eleições, ao invalidar a votação do Parlamento para eleger novo presidente.

Seria a primeira vez que um presidente assumidamente muçulmano, cuja mulher se apresenta em público com o véu islâmico (o que é proibido constitucionalmente) ocuparia a presidência da Turquia laica.

Resta dizer que o poder judicial e as Forças Armadas são o garante da República laica que a Constituição consagra.

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1 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Igreja católica perde empregados

Durante 35 anos 69 mil padres despiram a sotaina. Entre 1964 e 2000 foram mais de 5 mil os que anualmente abandonaram o sacramento da Ordem, a maior parte para gozar as delícias do amor.

Julga o Papa que o hissope, na sua configuração fálica, apazigua as hormonas, que um Cristo com ar de marginal satisfaz os desejos dos clérigos e que a água benta, mesmo gelada, atenua os calores da paixão. Nem a Virgem com ar de mal amada!

A fé é uma doença infantil, frequentemente incurável, que se apanha em casa, na escola ou na catequese e que raramente atinge adultos. O vírus é inoculado pelos pais, padres, catequistas e outros infectados do divino.

A liberdade de pensamento e expressão é o antídoto mais eficaz para a moléstia da fé. É por isso que clérigos de todo o mundo e de todas as religiões se afligem com a ciência e o livre-pensamento.

Mas «não há machado que corte a raiz ao pensamento» e até os padres, fartos de hóstias e orações, da bíblia e do breviário, trocam a vida parasitária ao serviço de Deus por uma vida de amor de acordo com os seus sentimentos.

1 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Turquia à beira do abismo

A eventualidade de um presidente islamita é um passo sem retorno para a islamização do Estado turco.

Quando o poder se reclama da origem divina e os detentores se definem em função da fé que praticam, a democracia não está apenas em perigo, a ditadura vem a caminho.

A Turquia trava um braço de ferro entre o primeiro-ministro que se solidarizou com os terroristas de um atentado contra juízes que defenderam o carácter laico da Constituição e os sectores sociais, militares e judiciais que defendem o Estado laico. Com um presidente igualmente islamita é o fim da República laica que se avizinha.

De um lado estão os clérigos, o primeiro-ministro e o indigitado presidente à espera de virarem a Turquia para Meca e reporem a charia. Do outro estão as forças democráticas de que fazem parte o milhão de manifestantes em protesto contra a candidatura islamita à presidência e a favor de um Estado laico.

O paradoxo reside no carácter democrático da eleição que levou ao poder um partido confessional e na ilegitimidade dos militares para defenderem a Turquia plural, laica e democrática, certos de que o Islão não respeita o pluralismo.

Os democratas estão num labirinto. Se aceitarem um golpe militar traem a democracia mas se aceitarem os resultados eleitorais perdem a democracia. Os islamitas têm a legitimidade do voto mas a única lei que respeitam é o Corão.