5 de Maio, 2007 Carlos Esperança
Santos & Beatos, S. A.
JP2 fez santos como o abade de Trancoso fazia filhos, embora de forma diferente.
Em 26 anos de pontificado beatificou 1.345 bem-aventurados. Dos 800 santos da Igreja Católica, 483 são do período do papa polaco. Ele sozinho canonizou mais do que todos os outros papas juntos nos últimos 400 anos.
B16 pode não acreditar em Deus, mas conhece o negócio e mantém a fábrica de santos a laborar no mesmo ritmo. Um cardeal português, com ar de cavador, apronta atestados de milagres que saciam a fome da Renovação Carismática, Opus Dei, Regnum Christi e doutros grupos pios que sustentam o Vaticano e fazem o marketing da cruz.
Se Cristo tivesse sido decapitado o símbolo da devoção seria uma cimitarra, objecto que adornaria o pescoço dos beatos e viajaria em ouro no vale de ilustres peitos lusitanos e de outras devotas espalhadas pelo mundo e pelas sacristias.
Os santos são cadáveres exumados pela superstição dos fiéis e a ganância do Vaticano, ícones para exibir em dias de festa nas igrejas rurais que ficam o resto do ano a apanhar fungos, teias de aranha e pó.
O negócio da fé é uma burla que goza de protecção legal. A criação de santos é um embuste cujo alvará pertence ao Papa e que rende grossos cabedais à Cúria romana. A Igreja é a casa de alterne que serve indulgências a troco de esmolas.