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A Superioridade Moral

Chateiam-me os crentes que alvitram uma superioridade moral induzida pelos ensinamentos religiosos que professam. Tenho algumas dúvidas que eles de facto acreditem em tal disparate.

A moral é mutável. Não é algo que seja estanque às influências de todos os aspectos que nos rodeiam socialmente. Acontecimentos históricos moldam a moral colectiva, acontecimentos privados moldam a moral individual. Tudo isto, cozinhado com a formação, educação e experiência acumulada, contribui para a aceitação e divulgação de novas regras morais.

A religião é apenas um dos factores que terá, historicamente, contribuído (e mal?) para a moralidade. No entanto, as premissas para a chamada moralidade religiosa são impostas pelo medo dos encargos do pecado e da factura a pagar ao cobrador-mor, o tal ser que espreita os adolescentes quando eles estão no duche. Assim, a moral de origem religiosa não é sincera. É fruto da repressão ideológica hipócrita imposta pela estrutura das organizações religiosas e baseia-se, na maior parte dos casos, em obras de ficção com centenas ou milhares de anos, essas sim, estanques ao evoluir das sociedades.

Sendo a moral o sistema de valores mais relativo que existe, alvitrar tal superioridade é pura demagogia.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

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Casado e pai de duas filhas, nunca revelou tendências para o sobrenatural. Aos oito anos aprendeu a dizer "Somos surdos, Senhor" no lugar de "Ouvimos, Senhor". Defende que o ateísmo deve ser construído à conta dos seus próprios méritos e não baseado nos desméritos das religiões. Fundador e webmaster do Portal Ateu, prefere abordar as questões de laicidade, moral e cultura. Blog pessoal: Penso, logo, sou ateu. Também no Twitter e no Facebook.