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Pensamento Veleitário I – Tomando os desejos por realidades

O Futebol Clube do Retreneu e o Falagoas Futebol Clube são duas equipas desportivas que têm tido igual desempenho. Um corrector de apostas independente diria que no grande jogo que se aproxima a probabilidade de empatarem é de um terço. A probabilidade de qualquer uma das equipas ganhar também é um terço.

O leitor não espera que os respectivos sócios e adeptos o reconheçam. Certamente que os adeptos do Retreneu dirão, principalmente em público, que não esperam vencer por menos de dois ou três golos de diferença. Os adeptos do Falagoas deixarão bem claro que considerariam o empate um péssimo resultado, estando confiantes numa vitória folgada, e sonhando com um cinco a zero.

Isto é o que dizem, porque cada um destes adeptos tem mais dúvidas do que aquilo que reconhece em público. Ainda assim, a verdade é que, quer os adeptos do Falagoas, quer os adeptos do Retreneu, consideram a vitória do seu clube mais provável do que a respectiva derrota.

Trata-se do pensamento veleitário: tomar os desejos por realidades. Errar é humano, e existe uma série de enviesamentos cognitivos que caracterizam muitas decisões e avaliações erradas que fazemos. O pensamento veleitário corresponde a deixar que a avaliação daquilo que é mais provável seja influenciada pela desejabilidade das possibilidades e não apenas pela plausibilidade destas.

Ou seja: o adepto do Falagoas tende a achar que é mais provável que o Falagoas do que acharia de outra forma, porque gostaria que o Falagoas ganhasse. Mas o quanto ele gostaria que o Falagoas ganhasse não torna mais provável a vitória desta equipa.

Existem vários estudos que comprovam esta tendência nos seres humanos. Este efeito foi também denominado «efeito de valência».

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