Madeleine McCann em Fátima
Como pai e como alguém que adora crianças, lamento profundamente os acontecimentos à volta do desaparecimento da pequena Madeleine McCann. Como lamento o desaparecimento de todas as crianças portuguesas que, todas juntas, nunca fizeram gastar tanta tinta e tanta concentração de meios para a resolução dos seus casos. Sinceramente, ainda bem para a pequena Madeleine que esses meios estejam disponíveis para ela. Esperemos que este seja um novo padrão a que a nossa policia nos venha a habituar. O ideal seria que tais meios nunca voltassem a ser necessários; mas isso só aconteceria se o mundo, de repente, passasse a ser perfeito.
O que eu não suporto mesmo é a ignorância mascarada de fé saloia. Então, não é que em Fátima, nas celebrações dos 90 anos do embuste-mor nacional, proliferavam as imagens da pequena Maddie com preces para que a pequena fosse encontrada sã e salva!?!
Mas, afinal, onde estava o deus desta gente quando a pequenita desapareceu? Porque é que não se viram cartazes a perguntar ao tal deus ou à sua virgem concubina porque deixaram que a pequena e inocente Maddie desaparecesse, assim, sem mais nem menos? Não é suposto esse tal omni-tudo olhar pelas criancinhas e pelos inocentes? Afinal, ou esse ser que gosta de ser bajulado não sabia o que estava a acontecer e não é omnisciente ou sabia e não fez nada. Pergunto eu: não fez porque não quis ou porque não pôde? Se foi porque não pôde, não é omnipotente. Se foi porque não quis, de facto, não me surpreende; é o que se pode esperar de quem condena um filho à morte por pura vaidade e necessidade de afirmação, num autêntico frenesim de egocentrismo!
(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)
Perfil de Autor
Casado e pai de duas filhas, nunca revelou tendências para o sobrenatural. Aos oito anos aprendeu a dizer "Somos surdos, Senhor" no lugar de "Ouvimos, Senhor". Defende que o ateísmo deve ser construído à conta dos seus próprios méritos e não baseado nos desméritos das religiões. Fundador e webmaster do Portal Ateu, prefere abordar as questões de laicidade, moral e cultura. Blog pessoal: Penso, logo, sou ateu. Também no Twitter e no Facebook.