Ateísmo na Blogosfera
- «Acreditar em algo com base na fé é acreditar em algo sem ter razões que estabeleçam a sua verdade. Ao caracterizar a fé, S. Tomás de Aquino (1225-1274) contrastou-a com a mera crença sem conhecimento, por um lado, e com o conhecimento, por outro. A fé é semelhante à mera crença sem conhecimento porque em ambos os casos não há razões que estabeleçam a verdade daquilo que acreditamos. Mas a fé é também semelhante ao conhecimento porque envolve uma convicção muito forte da nossa parte.
Por exemplo, só podemos acreditar que o Futebol Clube do Porto ganhou o jogo com base na fé se não soubermos que isso aconteceu. Se soubermos que ganhou é porque temos provas disso e, portanto, não podemos ter fé.
(«O que é a fé?», no De Rerum Natura) - «As relíquias sangrentas mais comuns têm origem na Idade Média, época em que imperava o lucrativo negócio de venda de relíquias, em que abundavam prepúcios, cordões umbilicais, bocados da cruz, pregos da dita e demais recuerdos cristológicos para além de um gigantesco mercado de souvenirs anatómicos de santos, mártires e afins.
Por exemplo, a igreja do castelo de Wittenberg, onde Lutero – que denunciou o comércio de relíquias no Traité Des Reliques – pregou as suas 95 teses tinha… 19013 relíquias (!). Do espólio de Wittenberg constavam vários frascos com leite da Virgem, palha da manjedoura onde a lenda coloca o nascimento de Cristo e mesmo um dos «inocentes» massacrados (sem registo histórico) por Herodes!
[…]Estes «bloody miracles» são fáceis de confirmar como fraudes centenárias bastando para isso que a Igreja de Roma ceda as supostas relíquias para análise, algo que me parece muito pouco provável. De facto, a Igreja considera […] não existirem problemas morais “na continuação de um erro que foi transmitido em boa fé por muitos séculos“» («Bloody Miracles», no De Rerum Natura)
- «Mas poucos saberão que um dos pais do método científico e por conseguinte um dos precursores da ciência moderna é português, Garcia d’Orta.[…]
Garcia de Orta permanece na Índia porque os seus receios se tinham entretanto concretizado e a Inquisição tinha sido estabelecida em Portugal […] lestamente deu início à expectável perseguição de cristãos novos e demais hereges, que atingiu duramente a família do cientista português. […]
Em 28 de Outubro de 1568, uns meses depois da morte do irmão, Catarina d’Orta foi presa pela Inquisição, condenada à morte pela fogueira, sentença executada em 25 de Outubro de 1569. Mas a Inquisição não estava satisfeita. Num auto-de-fé de 4 de Dezembro de 1580, Garcia d’Orta foi condenado post-mortem por judaísmo, os seus restos mortais foram exumados e os seus ossos queimados na fogueira.»(«Garcia d’Orta», no De Rerum Natura)