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De volta à costela.

Depois de uma noite de sono já estou capaz de abordar isto de uma forma mais séria. E merece, porque ilustra um erro comum de raciocínio, ao qual todos devemos estar atentos.

Imaginem: A Carolina tem 30 anos, é inteligente, extrovertida, e independente. Formou-se em filosofia, sempre se preocupou com questões de justiça social e discriminação e, enquanto estudante, participou em manifestações contra a guerra. Qual destas duas afirmações vos parece mais plausível:

A- A Carolina trabalha ao balcão de um banco.
B- A Carolina trabalha ao balcão de um banco e assume-se como feminista.

A maioria das pessoas escolhe B, mas é fácil ver que está errado. Se B é verdade então A é verdade também, pois B é a conjunção de A com o feminismo assumido. É mais provável que A seja verdade, e por isso A é mais plausível. Esta é a falácia da conjunção: atribuir maior probabilidade à conjunção de proposições que a uma delas (1).

O raciocínio que Jónatas Machado apresentou é outro exemplo:

A- Deus criou Adão e Eva por milagre.
B- Deus criou Adão e Eva por milagre e usou uma costela de Adão para criar Eva.

A conjunção não pode ser mais plausível que uma das proposições isoladamente. É polémico se isto é sempre um raciocínio falacioso ou simplesmente uma interpretação diferente da noção de probabilidade, mas é fácil ver que não se justifica aceitar uma afirmação extraordinária apenas por se apresentar em conjunto com uma mais plausível. Quem não acredita que eu faço milagres não deve mudar de opinião apenas porque acrescento «e gosto de chocolate».

——————————–[Ludwig Krippahl]

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