23 de Dezembro, 2006 Carlos Esperança
Finalmente… o alívio da morte
À semelhança de Ramón Sampedro, Piergiorgio Welby viu o seu desejo realizado. Repetiu três vezes a palavra «obrigado» antes de lhe desligarem a máquina que o mantinha agarrado ao sofrimento. Nos últimos meses negaram-lhe a caridade que reclamou, impuseram-lhe a agonia que não quis, obrigaram-no à tortura cujo fim implorava.
Os problemas da vida e da morte não são fáceis. Mexem com os nossos sentimentos e cultura. Podem tornar os doentes vulneráveis ao crime. Estão no limite de todas as emoções. Enfim, há um problema que a sociedade não pode continuar a ignorar, uma legislação que é preciso discutir, uma ponderação a fazer com a urbanidade e sensatez possíveis.
Que ninguém seja obrigado, algum dia, a prescindir de um segundo de vida, mas não deve alguém ser condenado a meses e anos de não-vida. A autodeterminação do indivíduo merece respeito. Não há o direito de ficar sadicamente a repetir que uma pessoa não é dona de si própria.
Se um dia me tocar a desgraça que atingiu Piergiorgio Welby quero ter junto de mim o anestesista Mario Riccio.