Finalmente… o alívio da morte
À semelhança de Ramón Sampedro, Piergiorgio Welby viu o seu desejo realizado. Repetiu três vezes a palavra «obrigado» antes de lhe desligarem a máquina que o mantinha agarrado ao sofrimento. Nos últimos meses negaram-lhe a caridade que reclamou, impuseram-lhe a agonia que não quis, obrigaram-no à tortura cujo fim implorava.
Os problemas da vida e da morte não são fáceis. Mexem com os nossos sentimentos e cultura. Podem tornar os doentes vulneráveis ao crime. Estão no limite de todas as emoções. Enfim, há um problema que a sociedade não pode continuar a ignorar, uma legislação que é preciso discutir, uma ponderação a fazer com a urbanidade e sensatez possíveis.
Que ninguém seja obrigado, algum dia, a prescindir de um segundo de vida, mas não deve alguém ser condenado a meses e anos de não-vida. A autodeterminação do indivíduo merece respeito. Não há o direito de ficar sadicamente a repetir que uma pessoa não é dona de si própria.
Se um dia me tocar a desgraça que atingiu Piergiorgio Welby quero ter junto de mim o anestesista Mario Riccio.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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