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E eles não se importam?

Anteontem estávamos a falar dum baptizado de um primo enquanto os meus miúdos brincavam por perto. Mais tarde, um deles veio-me perguntar porque é que os meninos choram nos baptizados, e eu expliquei que se deviam assustar com a água. Os padres deitam água na cabaça dos meninos? Sim. E não se importam?

Esta é uma daquelas perguntas que só uma criança de cinco anos pode fazer. Engasguei-me um bocado, e lá dei uma resposta vaga acerca de tradições e assim, que já nem eu me lembro, e que decerto não satisfez a curiosidade do pequeno. Não queria dizer «Não, querem lá saber se assustam o miúdo ou não. E muita sorte tem o puto não ser duma daquelas que cortam o prepúcio…». Mas fiquei a matutar. Eles não se importam?

Eles, não só os padres, mas a família, a sociedade, todos nós. Se queremos que uma criança aprenda a ser tolerante e a respeitar a fé dos outros, era boa ideia mostrar mais respeito pela sua liberdade religiosa. É certo que depressa se esquecerá do baptizado (a menos que lhe cortem o prepúcio), mas vão lembrar-lhe sempre que foi baptizada, e por decisão de outrém. E em muitos casos irá à catequese ou ter instrução religiosa desde tenra idade, antes de poder decidir se quer ter religião ou não. E vão lhe ensinar que deverá criar os seus filhos da mesma maneira, entregando-os à sua religião.

E depois querem que aprenda a respeitar os que têm outras fés…

——————————–[Ludwig Krippahl]

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