Se não acreditas no Deus cristão vais para o Inferno
Matthew LaClair, um jovem que há um ano se tornou notícia quando recusou recitar o pledge of allegiance ou juramento de lealdade com que as crianças americanas iniciam o seu dia – jurando fidelidade à bandeira e a uma nação indivisível sob Deus -, volta a animar a blogoesfera americana e os media de New Jersey, estado onde se situa a Kearny High School onde estuda.
O professor de História de Matthew, um devoto pastor baptista que dá pelo nome de David Paszkiewicz, que não acredita na separação Estado-Igreja – a que chama «engenharia social» – e acha que desde o jardim de infância as crianças devem ser ensinadas a não tolerar «comportamentos sexuais desviantes», utiliza as suas aulas para proselitar os estudantes, ameaçando-os com o inferno se não acreditarem no Deus cristão e nos dislates que debita!
De facto, no meio das patetadas criacionistas usuais dos fanáticos cristãos – tais como terem os dinossauros estagiado na Arca de Noé ou serem anti-científicos o Big Bang e o evolucionismo enquanto o criacionismo bíblico é comprovado por … profecias bíblicas -, em vez de História Paszkiewicz ulula para os seus estudantes que a Bíblia é a palavra de Deus e que quem não aceita Jesus vai para o Inferno. Acerca de uma das estudantes da classe, muçulmana, o devoto cristão lamentou o seu destino inevitável se não se convertesse à única verdadeira religião.
Matthew LaClair, não-cristão, não achou muita piada que os delírios de Paszkiewicz fossem debitados numa escola pública e pediu uma entrevista com o director da escola em que essencialmente pretendia não só uma desculpa pelas ofensas vociferadas pelo devoto pastor como uma correcção das afirmações falsas e anti-ciência deste. Umas semanas depois, o director, aparentemente outro devoto cristão – Paszkiewicz não sofreu qualquer sanção, disciplinar ou outra – acedeu ao pedido do estudante.
Confrontado com as declarações de LaClair, o devoto pastor mentiu com quantos dentes tinha e negou ter debitado as afirmações que Matthew reproduziu, nomeadamente negou ter ameaçado com o Inferno os descrentes no Deus cristão.
Mas Matthew, que aparentemente conhece bem os fanáticos cristãos, temia exactamente isto: que como bom cristão o professor mentisse descaradamente por um mito e ninguém acreditasse na palavra de um estudante, nomeadamente um que a escola não tem em grande consideração devido à sua postura face ao juramento de lealdade, contra a de um professor e gravou as alucinações religiosas do pastor nas aulas supostamente de História! Delírios dos quais alguns podem ser escutados aqui (gravação a que cheguei via Pharyngula)!
Depois de Matthew mostrar dois CDs em que tinha gravadas as aulas do pastor este recusou continuar a conversa sem a presença de um representante do sindicato e lançou uma acusação de ateísta à «caça do grande (!) peixe, o grande (!) cristão que é professor» a Matthew.
Nem o professor (obviamente) nem algum responsável da escola emitiram qualquer pedido de desculpas pelo inaceitável comportamente de David Paszkiewicz…