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Tony Blair defende ensino do criacionismo

O devoto Tony Blair, que já confessou serem de inspiração cristã a maioria das suas decisões políticas, tal como a invasão do Iraque, defendeu numa entrevista à New Scientist o ensino do criacionismo em escolas públicas.

Tony Blair afirmou que as preocupações dos que questionam o ensino do criacionismo em algumas escolas inglesas (e o ensino em todas do criacionismo e da IDiotia a par do evolucionismo é encorajado no curriculum de biologia introduzido pela Opus Dei Ruth Kelly) são grandemente exageradas!

Numa entrevista em que Blair se declara um adepto da ciência evangélico e renascido (born again em inglês, um termo utilizado para descrever os mais alucinados cristãos fundamentalistas) – uma mui bizarra escolha de palavras para descrever a posição de alguém em relação à ciência – este afirma que os cientistas deviam preocupar-se com temas mais importantes, como sejam o aquecimento global ou organismos geneticamente modificados, OGMs, em vez de com o «inocente» criacionismo!

Aliás, afirmou que uma visita a uma escola em que o criacionismo é ensinado aos pobres alunos, lhe permitiu a opinião:

«Na realidade o que eles asseguram, o que é muito mais importante, é o primeiro ensino disciplinado e de elevada qualidade que a maioria destes alunos alguma vez tiveram».

Ou seja, não interessa que estas crianças sejam ensinadas patetadas como ter a Terra 6 000 anos, sejam instruídas sobre a inenarrância da Bíblia, mais concretamente do Genesis, e mimoseadas com dissertações surreais sobre supostas provas «científicas» que suportam o criacionismo, acreditem piamente no grande dilúvio e na arca de Noé ou que a evolução seja descrita como uma «invenção» de inspiração demoníaca!

O importante é que aprendam a ser bons carneirinhos disciplinados que engolem sem pestanejar todas as palermices que os «mestres» lhes ministrem!

Num completo contrasenso, Blair, que reconhece ser a ciência o motor do desenvolvimento de qualquer país, afirma ainda que:

«Se eu reparar que o criacionismo começa a ser ensinado maioritariamente no sistema educacional deste país, aí sim, penso que é altura de nos começarmos a preocupar».

Ou seja, a estratégia daqueles que regem pela religião as suas decisões políticas é sempre a mesma: primeiro afirmar em relação a algo religioso que é contestado, seja o ensino do criacionismo seja a existência de crucifixos nas salas de aulas, que há problemas mais importantes com que as pessoas que os contestam se deviam preocupar. Depois, menorizar o problema dizendo que a sua dimensão é reduzida: há poucas escolas que ensinam criacionismo – ou exibem cruzetas – é fanatismo laico/ateu preocupar-se com o assunto quando há tantos problemas relamente importantes para resolver. Embora reconheçam que no dia em que for generalizado aí sem é um problema mas enquanto estiver circunscrito só mesmo os fanáticos laicos o invocam! Isto é, devagarinho, ponto por ponto, protestando a «inocência» e a «bondade» das alterações aumentar o poder da religião no quotidiano!

Claro que as desculpas dos fundamentalistas religiosos só enganam os crentes e ignoram as lições da História: quando se reconhece que algo pode vir a ser um problema deve-se envidar todos os esforços para o solucionar antes que esse algo assuma dimensões catastróficas. Especialmente quando esse algo tem a ver com religião.

Por outro lado, como espera Blair – que indica as alterações climáticas despoletadas pela acção humana, a investigação em células estaminais e os OGMs como os problemas em que a comunidade científica devia centrar esforços de explicação para o público – que alguém que foi condicionado na escola a desconfiar dos ateus e demoníacos cientistas acredite nestes quando eles falam sobre outros assuntos?

Ou como explicar que é necessário alterar comportamentos para evitar catástrofes ambientais a crentes que acham que Deus «providenciará»? Ou a crentes que consideram serem estas e outras catástrofes bem-vindas já que prenunciam a volta do «salvador»?

Recentemente a propósito de mais um aviso da comunidade científica de que a vida marinha desaparecerá em meados do século se algo não for feito , no forum sobre o tema da BBC um devoto muçulmano afirmava que Allah fez o Mundo e como tal é apenas falta de fé dos cientistas a razão do aviso: Allah protegerá os mares da poluição e da pesca excessiva! Estou certa que este tipo de pensamento irresponsável não se restringe aos muçulmanos!

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