Cartoons do Holocausto publicados na Dinamarca
Cartoon do Al-Wifaq (Irão). O demónio judeu/israelita com uma bandeira dinamarquesa na forquilha diz «Não admito limites à liberdade de expressão excepto em relação ao Holocausto».
Mostrando que o cartoon reproduzido não corresponde à realidade, um jornal dinamarquês – o Information – publicou seis dos cartoons sobre o Holocausto em exibição na capital iraniana, Teerão.
Estas seis cartoons integram os cerca de 200 escollhidos entre os mais de 1100 cartoons enviados à competição a nível internacional de cartoons sobre o Holocausto, lançada por em Fevereiro pelo presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad – o tal que é crente fervoroso na proximidade do Yawm al-Qiyamah, o dia do Juízo Final.
Esta competição pretendia testar a liberdade de expressão como um valor fundamental ocidental e surgiu como resposta à publicação dos cartoons sobre Maomé na génese da «guerra» dos cartoons – que trouxe mais violência a um mundo já abalado pela violência decorrente da intolerância das religiões.
Como já afirmei noutro post, o conceito de sátira, o que caracteriza a irreverência e denúncia satírica, é algo completamente alheio quer aos promotores quer aos participantes no concurso. Negar o Holocausto, no qual pereceram 6 milhões de judeus, não se enquadra no objectivo da sátira, castigat ridendo moris, «castigar os costumes pelo riso».
A publicação pelo jornal dinamarquês de 6 destes cartoons, que o editor considera «de mau gosto mas previsíveis», mostra aos fundamentalistas islâmicos que a liberdade de expressão é de facto um valor inabalável na Dinamarca. Assim como em todo o Ocidente.
Mas negar o Holocausto para promover a causa palestina não me parece forma apropriada de sensibilizar o mundo para as atrocidades cometidas contra os palestinos. Como o faz um dos cartoons escolhidos, um cartoon dividido em dois por um muro que de um lado apresenta, sob um sol radioso, uma lápide com uma estrela de David debaixo da qual há um único esqueleto e do outro, noite profunda e uma lápide com Sabra e Shatila inscrito, relembrando o massacre às mãos das milícias cristãs maronitas libanesas, em 16 de Setembro de 1982, de entre 2 300 a 3 500 civis palestinos, enquanto Ariel Sharon assobiava para o lado.
Como diz o editor do jornal, Palle Weis:
«Os nossos leitores ficariam desapontados se não publicássemos os cartoons».