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Mais planetas no Sistema Solar

Bem-vindos ao novo Sistema Solar

Durante décadas, não obstante a acesa controvérsia em relação a Plutão, o Sistema Solar tem sido considerado como constituido por nove planetas. A discussão sobre se Plutão é ou não um planeta é na realidade uma questão de semântica, isto é, depende da definição de planeta. A definição original de planeta foi devida aos filósofos gregos que chamaram «viajantes» a estes objectos que pareciam passear pelo firmamento.

Numa tentativa de resolver de vez a controvérsia, a International Astronomical Union, isto é, os mais de 2500 astrónomos reunidos em Praga na sua 26ª Assembleia Geral, vai votar a proposta elaborada pelo seu comité executivo que compreende, entre outras, uma nova definição de planetas e introduz oficialmente o termo plutonito para designar os planetas que orbitam o Sol para lá de Neptuno.

A proposta vai certamente ser aprovada, podem seguir o debate neste blog da conferência, pelo que a partir da semana que vem o Sistema Solar vai ser oficialmente constituido por 12 planetas, que para além dos 8 planetas «tradicionais», incluem os 3 plutonitos, Plutão, Caronte e o 2003 UB313 , para além do até agora asteróide Ceres.


Plutão faz parte da cintura de Kuiper, uma zona em forma de disco para lá de Neptuno, que contém milhares de cometas e outros objectos planetários. Desde a sua descoberta em 1930, a inclusão de Plutão como planeta no Sistema Solar permaneceu controversa já que, inicialmente considerado do tamanho da Terra, se descobriu posteriormente ser menor que a Lua. Por outro lado, para além de nos últimos anos se terem descoberto mais objectos nesta zona do espaço de dimensões próximas às de Plutão e de forma igualmente arredondada, Plutão apresenta uma série de características únicas: com a sua órbita muito eliptíca e um plano orbital peculiar comporta-se mais como os outros objectos da cintura de Kuiper que um planeta tradicional; a sua lua, Caronte, descoberta em 1978 por James Christy, tem apenas cerca de metade das dimensões de Plutão pelo que muitos astrónomos consideravam ser Caronte e Plutão um planeta duplo e não um planeta e a sua lua.

A recente descoberta do 2003 UB313 catapultou a já acesa controvérsia, já que o objecto descoberto por Michael Brown, do Caltech, é maior – e mais distante do Sol – que Plutão. De facto, o Hubble mediu o objecto brilhante a 14 mil milhões de quilómetros do Sol, oficialmente denominado 2003 UB313, e chegou a um diâmetro de 2 384 km, cerca de 112 km mais que Plutão. Brown chamou Xena à sua descoberta mas não é de esperar que a alcunha pegue.

Veremos como esta decisão da International Astronomical Union vai ser recebida por charlatães sortidos, astrólogos e afins, e se estes, como a charlatã astróloga russa Marina Bai o fez à NASA, vão intentar processar a IAU por… «danos espirituais»!

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