Criacionismo puro e duro
Adão, Eva, a serpente e a árvore do conhecimento. Foi a dentadinha no seu fruto a origem da «Queda». O conhecimento, para os cristãos fundamentalistas, é assim a origem de todos os males, que eles evitam como ao Demo.
Enquanto a IDiotia ou neo criacionismo tenta disfarçar os seus propósitos religiosos sob uma capa de pseudo ciência – que poderá convencer apenas os mais ignorantes (ou os mais fanáticos) – os criacionistas puros e duros pelo menos são mais honestos intelectualmente. De facto, não só assumem abertamente o seu cristianismo (jurássico) como não escondem o seu desprezo pela ciência que «que está a virar inúmeras mentes contra o evangelho de Cristo e a autoridade das Escrituras».
Embora me divirta com as cretinices que debitam, merecem-me algum respeito pessoal estes criacionistas que pelo menos são sinceros na sua ignorância, coerentes com aquilo em que acreditam e não embarcam nas jogadas de pura desonestidade moral e intelectual dos IDiotas. Aquilo que me irrita profundamente é a desonestidade intelectual, são os malabarismos retóricos daqueles que deliberadamente manipulam e deturpam factos (científicos ou históricos) de forma a impingir de forma desonesta a sua mundivisão religiosa (e institucional, no caso dos revisionistas históricos em nome da ICAR) aos restantes.
Voltando aos criacionistas puros e duros, nomeadamente os da terra jovem, fui informada por um dos nossos leitores que o Museu do Disparate está quase pronto e abrirá as portas ao público, como previsto, em 2007. O Museu, como o seu fundador, Ken Ham, afirma não engana ninguém: «A Bíblia é a palavra de Deus, a sua história é realmente verdade, esses são os nossos pressupostos ou os nossos axiomas».
Importa recordar que, embora intelectuamente mais honestos, estes criacionistas são tão intolerantes e totalitários como os restantes fundamentalistas. Assim, neste Museu são exibidos os habituais preconceitos cristãos, que estes se acham no direito de impor a todos, nomeadamente uma das exibições culpa os homossexuais pelo flagelo da SIDA (Ken Ham no seu site Answers in Genesis atribui ainda a tragédia no liceu de Columbine ao ensino da evolução) . As tragédias da humanidade, como doenças e fome, são atribuídas aos pecados da humanidade.
Mas sobretudo poder-se-ão apreciar neste museu os disparates sortidos da criação segundo o Genesis, incluindo terem a Terra e o Universo sido criados em seis dias há cerca de 6 000 anos, a asseveração que todos os animais existentes (incluindo os dinossauros) foram criados simultaneamente e passaram por uma temporada na arca de Noé sendo o registo fóssil, «mal» interpretado pelos ateus evolucionistas, consequência do dilúvio.