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Agnosticismo e Ateísmo: o esclarecimento impõe-se

A definição de ateísmo e agnosticismo não é consensual. Diferentes autores usam diferentes topologias para descrever as possíveis crenças pessoais, muitas delas contraditórias entre si.
Embora seja comum as pesoas pensarem que o agnosticismo e o ateísmo são posições incompatíveis entre si, muita literatura sobre o assunto não considera essas posições como sendo mutuamente exclusivas.

Para que não existam mal-entendidos de futuro, explico neste artigo qual a terminologia que geralmente uso quando me refiro a estes termos.

O ateísmo e a crença:
Vários indivíduos acreditam num Deus particular (ou em vários Deuses), pelo que são crentes. Chamo ateu a qualquer indivíduo que não seja crente.

Assim sendo, esquematicamente, a sociedade pode ser dividida da seguinte forma:

Vários ateísmos:
Muitas das pessoas que se dizem agnósticas, fazem-no para efectuar uma distinção entre diferentes formas possíveis de ateísmo. Existem duas distinções essenciais: ateísmo implícito e explícito; e ateísmo forte e fraco.

A diferença entre ateísmo implícito e explícito é a seguinte: enquanto que o ateu explícito acredita positivamente que Deus não existe, o ateu implícito, embora não acredite em Deus, também não acredita necessariamente na sua inexistência.

A diferença entre ateísmo fraco e forte é outra: enquanto que o ateu fraco admite a possibilidade de, perante certos indícios ou provas, deixar de ser ateu, o ateu forte acredita que tais provas ou indícios são simplesmente impossíveis de surgir.

Naturalmente um ateu forte só poderá ser um ateu explícito, embora muitos ateus explícitos possam ser ateus fracos.

Completando o esquema anterior vamos obter:

O agnosticismo:
É agnóstico aquele que afirma não saber se Deus existe.

Assim sendo, um crente pode ser agnóstico se não tiver a certeza que Deus existe. Qualquer ateu fraco (que inclui todos os ateus implícitos e muitos ateus explícitos) será também agnóstico. Ser agnóstico e ateu é portanto compatível.

O esquema que se segue divide a sociedade entre os que são agnósticos e os que não são. A cinzento escuro estão os agnósticos:



Agnosticismo fraco e forte:

Enquanto que o agnóstico fraco, não tendo actualmente a certeza acerca da existência de Deus, encara a possibilidade de vir a conhecer a resposta frente às provas ou indícios apropriados, o agnóstico forte crê que a existência de Deus é um problema intrinsecamente impossível de resolver, e que nunca se poderá saber se Deus existe ou não.

O esquema pode portanto ser completado, representando a cinzento escuro os agnósticos fracos, e a preto os agnósticos fortes:

Neste caso, o pontinho amarelo representa a minha posição pessoal. Em última análise não acredito que se possa saber nada com certeza (a não ser que existo enquanto ser pensante, já dizia o outro), embora enquanto empirista considere que os indícios tornam certas hipóteses mais plausíveis que outras, e é mero bom senso acreditar nas hipóteses mais plausíveis.

Assim sendo, da mesma forma que não sei se a força da gravidade existe, mas acho mais plausível que exista do que uma gigantesca coincidência ter feito biliões de partículas movendo-se ao acaso terem-se portado até agora, por coincidência, como se existisse – e então acredito na força da gravidade – sou um agnóstico forte, mas acredito positivamente que Deus não existe. É a mera escolha da hipótese mais plausível dados os indícios e provas a que tenho acesso.

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