Leitura de Verão
The Catholic Church and the Holocaust, 1930-1965, do historiador Michael Phayer. A capa é a reprodução de um quadro do sobrevivente do Holocausto, Fritz Hirschberger.
Michael Phayer escreveu alguns artigos para o «Holocaust and Genocide Studies», publicado pela Oxford University Press em associação com o United States Holocaust Memorial Museum. Destaco um artigo deste autor publicado no Volume 12, Nº 2, (1998), páginas 233-256 intitulado «Pope Pius XII, The Holocaust, and the Cold War».
Alguns excertos do artigo:
«Questões acerca da liderança moral de Pio XII vieram a lume pouco depois da sua morte em 1958. Estas questões iniciaram-se com as declarações de bispos alemães na altura do julgamento sensacional de Adolf Eichmann em Jerusálem e nas vésperas do concílio Vaticano II em 1960. Julius Doepfner, cardeal de Munique, falou de decisões lamentáveis que foram feitas pelos líderes da Igreja durante a era nazi e os bispos alemães pediram colectivamente desculpa pela inhumana exterminação do povo judeu. (…)
A dificuldade em entender o silêncio de Pio XII em relação ao Holocausto reside no facto de que católicos de todas as posições estavam sempre a lembrá-lo disso. O mais persistente foi Konrad Preysing, bispo de Berlim, que escreveu 13 vezes a Pio XII em apenas 15 meses. Quando Pio XII finalmente respondeu ao seu amigo da era Weimar não era o futuro dos judeus mas o futuro do catolicismo e da Igreja que o preocupava.
E enquanto o Vaticano demonstrou um interesse especial em conseguir libertar os perpetradores do Holocausto, e, como vimos, teve de ser restringido nesse propósito pelo seu enviado, o Bispo Muench, demonstrou pouco ou nenhum interesse na questão da restituição para os sobreviventes do Holocausto. (…)
Se o Holocausto não foi causa suficiente para Pio XII se desligar da Alemanha durante a guerra, não é surpresa que o antisemitismo, a restituição e a aplicação de justiça a criminosos de guerra não fossem as suas prioridades durante a Guerra Fria».