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Mês: Junho 2006

27 de Junho, 2006 Ricardo Alves

Paul Touvier, um protegido da ICAR

Paul Touvier cometeu crimes contra a humanidade e foi um protegido da ICAR. Nascido em 1915 numa família muito católica da Sabóia, Paul Touvier adere primeiro à Légion française des combattants e depois ao Service d´Ordre Légionnaire e à Milice Française. Todas estas organizações foram milícias fascistas que apoiaram o Estado colaboracionista de Vichy.

Paul Touvier esteve envolvido na luta contra a Resistência francesa, incluindo a deportação de judeus e a pilhagem dos seus bens. Dirigiu pessoalmente o fuzilamento de sete judeus, e provavelmente também as execuções do presidente da Liga dos Direitos do Homem e da sua mulher.

Em 1946, é condenado à morte por traição. No entanto, consegue fugir em 1947 (após uma detenção por assalto à mão armada) e esconde-se sucessivamente em várias igrejas e mosteiros. Sempre em fuga, começa por casar-se tranquilamente numa capela de Paris em Agosto de 1947, e em seguida tem dois filhos. Este assassino, ladrão e esbirro fascista passará mais de 40 anos da sua vida sempre em fuga, de igreja em igreja e mosteiro em mosteiro, protegido pela sua Santa Madre Igreja Católica Apostólica e Romana.

As condenações prescrevem em 1967 e Pompidou concede-lhe um perdão presidencial em 1971. O escândalo é tal que, perante as queixas de associações de antigos resistentes, Touvier e a sua família voltam novamente à clandestinidade (conventos e igrejas) em 1973. Será condenado por crimes contra a humanidade em 1981. É detido apenas em maio de 1989, num priorado de Nice pertencente aos integristas da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Morre em 1996, na prisão. Na missa católica em sua honra, o padre diz que Touvier era «uma alma delicada e sensível».

27 de Junho, 2006 Palmira Silva

Propaganda ateísta?


Propaganda croata. De notar que o Arcebispo de Zagreb, Alojzije Stepinac, beatificado por João Paulo II em 1998 era um devoto da «Virgem» de Fátima, que «prometeu» a conversão da Rússia. Stepinac era também um devoto de Hitler e Ante Pavelic, o criminoso lider católico dos Ustase, poglavnik (equivalente a führer) do Estado Independente da Croácia, criado depois de Hitler ter invadido a Jugoslávia em 1941.

«Deus, que dirige o destino das nações e controla o coração dos reis, deu-nos Ante Pavelic e inspirou o líder de um povo amigo e aliado, Adolf Hitler, para usar as suas tropas vitoriosas para dispersar os nossos opressores. Glória a Deus, a nossa gratidão a Adolf Hitler e lealdade ao nosso Poglavnik, Ante Pavelic.»
Carta Pastoral de 1941 do Arcebispo (agora santinho) Alojzije Stepinac.

Itália – Deus, Pátria e o Rei: Pio XI, Mussolini e o Rei

27 de Junho, 2006 pfontela

Desmistificações políticas e sexuais

Ao ler este pequeno texto podemos dar com alguns problemas de interpretação em relação ao que é dito e aos papeis dos participantes. Vamos comparar o que é dito com a realidade:

Mito: a Igreja Católica tem voto na matéria, ou seja, que possui a autoridade de definir o que é uma familia ou que é desejável para qualquer ser humano na sua esfera pessoal e sexual.
Realidade: a moral sexual da Igreja é uma das mais obscuras criações da espécie humana e não passa de uma das muitas construções puramente culturais (bastante inferior a outras) que foram impostas pela brutalidade até se implantarem como psicoses quase permanentes. Para o cidadão moderno informado não tem (nem deve ter) qualquer poder vinculativo.

Mito: o catolicismo é (ou deve ser) guia do que é aprovado pela legislação.
Realidade: o catolicismo tem a liberdade de reprimir aqueles que a ele pertencem de livre vontade (o que nao inclui os alunos nas suas escolas – ou seja, não têm carta branca para fazerem o que lhes apetecer no sistema de educação privado) e mais ninguém. A lei, em questoes de direitos civis, existe apenas para mediar conflictos entre as várias esferas pessoais, especialmente para as proteger.

Mito: toda a posição religiosa (por muito odiosa e preconceituosa que possa ser) pode ser sustentada em nome de uma liberdade religiosa.
Realidade: a religião dobra os joelhos às liberdades individuais de cada cidadão, em especial aos direitos humanos e jamais poderá ser colocada acima destes (ex: uma religião que defenda posições racistas não deve ter a liberdade de as pregar e fazer lobby politicamente!! Os intolerantes perdem o direito à tolerância).

Mito: Na política existe um espaço para elemento religiosos.
Realidade: Quem admite esse tal espaço religioso fica na iminência de mais tarde ou mais cedo estar dependente de teocratas e de ter que subtituir a política pela teologia, o estado pela Igreja, a liberdade pela ortodoxia e o individuo pela congregação (basta olhar para os países em que mais espaço se dá à religião nos fóruns políticos para tirar estas conclusões).

27 de Junho, 2006 Palmira Silva

Era Hitler um ateu?


«Assim, nós assumimos a luta contra o movimento ateísta, e não apenas com algumas declarações teóricas: nós eliminámo-lo»
Adolf Hitler, discurso em Berlim, 24 de Outubro de 1933.

«Escolas laicas não podem alguma vez ser toleradas porque escolas dessas não têm instrução religiosa; uma instrução moral sem fundação religiosa é construída no ar; consequentemente toda a formação de carácter deve ser assente na fé»
Adolf Hitler, discurso de 26 de Abril de 1933.

«Imbuídos do desejo de garantir para o povo alemão os grandiosos valores religiosos, morais e culturais enraízados nas duas confissões cristãs, nós abolimos as organizações políticas mas fortalecemos as instituições religiosas»
Adolf Hitler, discurso no Reichstag, Berlim, 30 de Janeiro, 1934.

«Porque os seus interesses [da Igreja] não podem deixar de coincidir com os nossos na luta contra os sintomas de degenerescência no mundo de hoje, na nossa luta contra a cultura bolchevique, contra o movimento ateísta, contra a criminalidade e na nossa luta por uma consciência de comunidade na nossa vida nacional». Adolf Hitler, discurso em Koblenz, 26 de Agosto de 1934.

Um artigo publicado no jornal Lansing State Journal (Lansing, Michigan) de 23 de Fevereiro de 1933 dá conta das intenções do nazismo em combater o ateísmo, via uma campanha contra o «movimento sem Deus».

Alguns discursos de Hitler, recheados de cristianismo, podem ser encontrados aqui. A colecção completa, incluindo as citações reproduzidas, pode ser apreciada em «The Speeches of Adolf Hitler», April 1922-August 1939, Vol. 1 of 2, Oxford University Press, 1942.

26 de Junho, 2006 Ricardo Alves

«Me cago en Dios»: uma peça a ver

Fui ver o espectáculo teatral «Me cago en Dios», em exibição n´«A Comuna». Resumidamente, é uma encenação cheia de imaginação sobre um texto divertido, mas que não aponta pistas sobre como se vive sem deuses. Gostei, e recomendo a quem tiver estômago para a sátira anti-religiosa. O espectáculo estará em cena até ao dia 2 de Julho.

Quanto à mini-polémica que provocou (já referida pelo Carlos Esperança), demonstra que os católicos continuam parecidíssimos com os muçulmanos: em Madrid registaram-se agressões contra actor e autor, a ICAR espanhola pediu que o espectáculo fosse proibido, e em Portugal os clericais vandalizaram a tela que anunciava a peça, tendo também uma militante clerical sido acompanhada a casa pela PSP por duas vezes. A pulsão totalitária (o impulso irresistível para proibir os outros de fazerem, mesmo que em privado, algo com que não se concorda) é comum ao islão e ao catolicismo, e depois dos casos dos cartunes de Momé, d´«O Código da Vinci» e deste mesmo, só quem não quer é que não vê que a liberdade de expressão é um direito que se conquista e defende contra todas as religiões.

Finalmente, acrescente-se que ao contrário de uma vil calúnia posta a circular pela «civilizacionista» Helena Matos (que não deve ter visto o espectáculo), a peça não isenta o Islão de crítica (como também não isenta os neopentecostais). Um crescente islâmico (nada equivalente à Cruz Vermelha dos cristãos) está bem visível ao longo de todo o espectáculo (assim como outros símbolos religiosos), e referem-se os «milhões de mortos» do islão (e das outras religiões). E a mesquita de Lisboa fica ali do outro lado da Praça de Espanha…

Islão e ICAR, a mesma luta.
26 de Junho, 2006 Carlos Esperança

Timor e a religião

Timor está à beira da guerra civil e do ensino obrigatório da religião católica.

Não faltam armas nem padres.

26 de Junho, 2006 jvasco

Gunther é inocente?

Imaginemos uma aldeia isolada onde vivem cerca de 300 pessoas.

Uma delas é Gunther, um poderoso feiticeiro dotado de enormes poderes de presciência.

Na verdade, Gunther é tão poderoso, que até se sente capaz de criar vida humana, livre, do nada. Como sempre foi totalmente respeitador da Liberdade alheia, se as criar, cria-las-á livres, sem qualquer intenção de que estas vão fazer isto ou aquilo.

No dia 17 de Junho ele decide usar este seu poder. Ocorre-lhe criar o cego Matias, ou então a Maria, ou então o Alberto.

Devido à sua presciência, Gunther sabe que se criar o cego Matias, este cego, livre, usará a sua Liberdade para matar 100 aldeões. Se criar o cego, Gunther não terá esse propósito, mas ele sabe que isso é o que se sucederá.

Gunther também sabe que se criar Ana ou Alberto, eles não matarão ninguém. Poderão fazê-lo, claro, porque são livres, mas Gunther sabe que escolherão livremente não o fazer.

Gunther escolhe criar o cego Matias, e este mata 100 aldeões. Os aldeões que sobraram, desgostosos com a morte de seus familiares, juntam-se e arrastam-no para Tribunal: dizem que a sua decisão de criar Matias resultou na morte de 100 pessoas.

E o leitor? Acha condenável a decisão de Gunther?

Gunther está desolado. Sempre soube que o cego seria apanhado e torturado até à morte, como consequência das suas acções, e ele tem um enorme amor pela sua criação. Mas insiste que é inocente: a decisão foi do cego, mesmo que este último deseje ardentemente nunca ter existido, e mesmo que a decisão de o criar tenha pertencido a Gunther.