Mulher à frente da Igreja anglicana nos Estados Unidos
Katharine Jefferts Schori, bispo do Nevada e cientista antes da sua ordenação, foi eleita para dirigir a Igreja Episcopal americana na convenção dos bispos anglicanos deste país, eleição realizada no domingo passado.
As relações entre a Igreja mãe e a delegação americana, especialmente tensas depois da ordenação do bispo abertamente homossexual Gene Robinson, agudizaram-se com a eleição de Katharine, uma liberal firmemente defensora do evolucionismo e que apoia quer o casamento homossexual quer a consagração de bispos homossexuais. O Bispo de Rochester, Michael Nazir-Ali, afirmou que nesta altura um cisma na Igreja Anglicana é um sério risco:
«Ninguém quer uma separação mas se pensarmos que praticamente temos duas religiões na mesma Igreja, algo tem de ceder em algum momento».
O risco de cisma é ainda acrescido pelo facto de que a Igreja Católica já fez saber, pela voz do Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (CPPUC), que ordenar mulheres como bispos tornará a unidade entre ambas as Igrejas «inalcançável». Nesse sentido, o Cardeal Kasper exortou o líder da Igreja Anglicana e Arcebispo da Cantuária, Rowan Williams, a não realizar a ordenação episcopal de mulheres sem o apoio das Igrejas Ortodoxa e Católica (apoio que não se prevê nos próximos séculos).
Kasper acrescentou que o diálogo ecuménico entre as duas igrejas «mudará de tom» se a Igreja Anglicana não acabar com a «abominação». E avisou que esta «abominação» pode mesmo ameaçar a continuidade da Igreja Anglicana já que «Sem identidade, nenhuma sociedade, e muito menos uma igreja, poderá sobreviver».
Aparentemente o dignitário de Roma considera que a ordenação de mulheres é «uma perda da identidade» cristã, o que não está longe da verdade uma vez que a identidade do cristianismo assenta na misoginia.
Já no ano passado ano passado a Igreja de Roma tinha debitado um documento oficial de 10 páginas em que condenava a decisão da Igreja Anglicana não só em ordenar mulheres mas, especialmente, em elevá-las à posição de bispo, e em que avisava que consagrar mulheres «é um risco tremendo e intolerável» que pode causar «danos irreparáveis» dentro e fora da Igreja Anglicana.
E de facto, Katharine Jefferts Schori, que advoga abertamente o uso da razão e que afirma «Não usar os nossos cérebros para perceber o mundo que nos rodeia parece um pecado capital», é um «risco tremendo» para a Igreja de Roma…