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O grau zero da liberdade religiosa

No Portugal anterior à revolução republicana de 1910, o culto religioso não católico era tolerado aos estrangeiros, e em espaços privados «sem forma exterior de templo». No entanto, antes de 1820, nem o culto privado praticado por estrangeiros era permitido. Os residentes do reino português ou se conformavam com a religião oficial do Estado, ou iam aquecer os pés (e o resto) nas fogueiras da Inquisição.

Existe, ainda hoje, pelo menos um país em que a situação é rigorosamente esta: o Islão é a religião oficial do Estado, os nacionais são legalmente obrigados a ser muçulmanos, e os estrangeiros nem na privacidade das suas casas têm liberdade religiosa. É a Arábia Saudita.

No dia 9 de Junho, a polícia saudita invadiu uma casa particular onde cerca de cem cristãos se encontravam em oração. No final da cerimónia, prendeu os quatro líderes cristãos que se encontravam no local. À semelhança de ocasiões anteriores, imagina-se que o seu destino seja a prisão, possivelmente a tortura, e finalmente a deportação.

A Arábia Saudita alberga neste momento sete milhões de imigrantes, nem todos originários de países muçulmanos. Residem no país de Meca e Medina quase um milhão de cristãos (sobretudo filipinos mas também etíopes e eritreus) e um número considerável de hindus (principalmente indianos).

Os xiitas sauditas (quase dois milhões de pessoas), apesar de serem muçulmanos são oficialmente discriminados no acesso às universidades e aos empregos públicos, e enfrentam restrições à abertura de mesquitas.

É normal serem conduzidas orações pedindo a morte dos judeus e dos cristãos, mesmo nas grandes mesquitas de Meca e Medina, devendo notar-se que os imãs que conduzem estas orações são (como todos os imãs sunitas do reino) salariados pelo Estado. A polícia religiosa (os mutawwa’in) prende e agride pessoas de minorias religiosas rotineiramente, e detém também muçulmanos sunitas que não se vistam de forma suficientemente conservadora ou que se desloquem acompanhados de pessoas de outro sexo que não sejam familiares.

E não há qualquer perspectiva de melhorias na situação lastimável do reino saudita.

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