28 de Maio, 2006 Carlos Esperança
Rätzinger na Polónia
O Papa Ratzinger foi à Polónia – a última reserva do catolicismo jurássico, na Europa -, dizer missas e apanhar um banho de multidão. Apanhou uma molha que encharcou 300 mil fiéis, quando se esperava um milhão.
A Varsóvia de hoje já não é a de 1979 nem B16 é JP2, um artista consumado na arte de encantar multidões que, nessa data, levou o público ao rubro.
Enquanto Deus zurzia os crentes e os curiosos e os fustigava com bátegas, os figurantes protegiam-se do céu com guarda?chuvas.
B16 lá pediu aos polacos que não deixassem que a prosperidade lhes corroesse a fé, sabendo como a miséria e a ignorância são aliados poderosos da crença no divino.
Na última missa, mais concorrida, no Parque Blonie de Cracóvia, ajudado por cerca de 1900 padres, dos quais 20 cardeais, 28 arcebispos e 120 bispos de um total de 16 países, afirmou que sentia «profunda comoção» ao recordar JP2.
JP2 vai ser canonizado brevemente. É do interesse da ICAR, da Polónia, e, em especial, do vice-primeiro-ministro e ministro da Educação, Jedrzej Giertych, «católico integrista, militante contra a homossexualidade e o aborto», tradicionalista radical, antiliberal e anti-europeu, como convém ao filho e neto de dois ideólogos da direita nacionalista polaca.
O passado de B16 na juventude nazi (mesmo que involuntário) criou embaraço na passagem por um campo de extermínio nazi da Polónia, um país que se distinguiu pelo anti-semitismo militante.