ONGs religiosas
Mas além do próprio descrédito de organizações específicas as pessoas parecem estar mais hostis às próprias noções por detrás delas – a religião, nomeadamente o Cristianismo. E têm razões para serem cépticas. Num mundo cada vez mais pressionado pelo fundamentalismo as pessoas racionais sabem com quem as grandes organizações religiosas se estão a aliar (o caso de amor entre islão e catolicismo é o mais óbvio no fórum mundial que é a ONU) e sabem perfeitamente que não querem voltar a esses tempos. Também sabem que as suas esperanças devem ser depositadas no Homem e nas suas potencialidades e não no sobrenatural (ou as suas ramificações, mais ou menos, seculares) – hoje quem tem um problema olha para a ciência em vez de olhar para o altar, com resultados bastante melhores diga-se de passagem.
Esta falta de transparência quanto aos seus objectivos e às suas alianças faz os religiosos moderados recuar e os descrentes repudiar qualquer patrocínio a tais entidades. No nosso caso, como ateus, temos um problema extra, é que no fim qualquer participação que se tenha nestas organizações (por muito limitada que seja – e digo limitada já que em várias delas é necessário pertencer a certas religiões para ser membro) será completamente desvalorizada e posta ao serviço da máquina publicitária religiosa. Não é novidade que as seitas cristãs reclamem completo crédito por tais acções apesar de terem disposto de meios e pessoas que em nada se relacionam com a sua fé.
Para ganharem qualquer tipo de credibilidade estas ONGs religiosas têm que perder várias coisas:
– O seu exclusivismo;
– A sua indefinição de objectivos, é necessário perceber se são organizações de ajuda de emergência ou de evangelização;
– A dependência das suas organizações religiosas base.
O último ponto parece-me especialmente importante. Eu como ateu recuso-me terminantemente a contribuir para a campanha publicitária de organizações, como a Igreja Católica, que representam algumas das realidades e valores mais nefastos que já viram a luz do dia. Não serei cúmplice de organizações fundamentalistas ou que se aliam a pessoas dessa espécie.