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Defesa da laicidade na Turquia

Dezenas de milhares de turcos compareceram ao funeral de Mustafa Yucel Ozbilgin, o juíz assassinado na quarta-feira for um fanático muçulmano no que foi considerado pelo presidente Ahmet Necdet Sezer, ele próprio um juíz, «um ataque à república laica».

Dezenas de milhares de turcos encheram as ruas de Ankara simultaneamente em homenagem ao juíz assassinado em nome de Deus e em defesa da constituição laica do país. As Forças Armadas, as guardiãs da laicidade na Turquia, compareceram em força ao funeral, precedido por uma marcha ao mausoléu de Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da Turquia moderna e do estado laico.

Os membros do Governo que compareceram ao funeral foram apupados e recebidos com cânticos de «assassinos fora» e exortações à sua resignação.

O ataque aos juízes da segunda câmara do Supremo Tribunal Administrativo está ligado à defesa intransigente da laicidade do estado por estes juízes, nomeadamente no que respeita à estrita independência da religião e do ensino e à proibição do lenço islâmico em Universidades e instituições públicas.

De facto, o uso do lenço islâmico tem sido transformado num símbolo do Islão radical, um braço de ferro entre aqueles que pretendem transformar a Turquia num estado islâmico e os que defendem a laicidade deste país. O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, que conta no currículo uma estadia na prisão por ter declamado versos anti-laicidade, tem estado na frente dos que pretendem que a proibição do seu uso seja removida, medida que os fundamentalistas islâmicos consideram o primeiro passo para a restauração de um regime islâmico.

Sumru Cortoglu, o presidente do Conselho de Estado, que declarou Ozbilgin um mártir da laicidade, afirmou perante a imensa multidão que homenageou o juíz:

«A bala que foi disparada contra o seu cérebro foi disparada contra a República turca. Mas a vida de pessoas como ele ajudar-nos-ão a manter a República viva eternamente».

Ahmet Necdet Sezer, muito aplaudido no funeral, avisou que «ninguém será capaz de derrubar o regime laico».

Esperemos que de facto assim seja! A bem da paz e dos direitos humanos, palavras desconhecidas dos fundamentalistas de qualquer religião! Porque como tão bem disse o Carlos, a deriva fundamentalista que varre as religiões do livro, os ódios acumulados pelos dignitários eclesiásticos que vêem na secularização a perda de prestígio e influência, a falta de cultura e excesso de fanatismo que exalta os crentes, estão na origem de guerras cujo fim não se vislumbra. E de constantes atropelos dos direitos humanos, especialmente das mulheres, sub-humanos de terceira categoria para estas religiões.

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