Estreia do Código da Vinci adiada na Índia
A estreia do filme Código da Vinci, um sucesso de bilheteira garantido não obstante as críticas negativas e o acolhimento gélido em Cannes, tem deixado as hostes católicas em polvorosa.
Um pouco por todo mundo os dignitários católicos multiplicam-se em iniciativas contra o que consideram injúrias e mentiras sobre a sua mitologia. Especialmente depois de uma pesquisa divulgada na terça-feira ter indicado que «O Código Da Vinci» abalou a fé na Igreja Católica e prejudicou enormemente a sua credibilidade. Em particular a credibilidade do Opus Dei fica pelas ruas da amargura já que depois da leitura do livro as pessoas ficam quatro vezes mais propensas a ver na Opus Dei uma seita assassina.
Assim não é de estranhar que o Opus Dei tenha criticado duramente não só o filme mas também o grupo Sony depois de confirmar que foram mantidas as cenas do romance «que são falsas, injustas e ofensivas aos cristãos». Manuel Sánchez Hurtado, do Escritório de Informação da Opus Dei em Roma, lembrou que, durante os últimos meses, muitos católicos, cristãos, judeus, muçulmanos (uma clara alusão à guerra dos cartoons) e outros crentes clamaram por respeito, «mas parece que não tiveram êxito».
O Opus Dei tentou, sem sucesso, que a Sony-Columbia retirasse do filme todas as referências à Obra no romance de Dan Brown, em que é apresentada como uma perigosa seita.
Sánchez Hurtado afirmou, quiçá em lamento, que os cristãos «sempre reagiram perante a falta de respeito com uma atitude pacífica, buscando o diálogo e evitando o conflito». Mas o porta-voz da Opus assegurou que este episódio pode servir para que os cristãos «levem mais a sério a fé e para que todos aprendam a compreender e a respeitar os demais».
Não sei se o ciliciado Hurtado pretendia com esta última afirmação referir-se aos católicos indianos, que pretendem ensinar a Dan Brown o respeito pela mitologia católica oferecendo uma recompensa pela sua cabeça, e que conseguiram do governo indiano um adiamento da estreia do filme e muito provavelmente a proibição deste filme na Índia.
De facto, o polémico filme chegou a ser aprovado nesta segunda-feira pelo controle de censura indiano, sem cortes, embora tenha sido classificada para adultos e tenha sido decretado a passagem de uma mensagem dizendo que o filme «é pura ficção e não está baseado em nenhuma pessoa viva ou morta». Mas posteriormente o Ministério de Informação e Difusão da Índia anunciou o adiamento da estreia , três dias antes da data prevista.
O ministro de Informação, Priya Ranjan Dasmunsi, explicou que quinta-feira iria assistir ao filme com líderes religiosos cristãos, antes de tomar uma decisão final, a ser comunicada hoje. Não é muito complicado de prever que o filme será proibido na Índia já que o ministro afirmou:
«Se houver alguma questão que afecte as suas sensibilidades, então não permitiremos a exibição do filme».
Assim, os menos de 2% de católicos indianos conseguiram impôr pela força a censura ao filme!