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Vitória civilizacional na Colômbia

Naquele que foi considerado pelos bispos colombianos «um dia muito triste para a Colômbia», o Tribunal Constitucional colombiano legalizou, por uma maioria 5-3, o aborto em caso de violação, malformações fatais do embrião/feto e quando a vida da gestante está em perigo.

A lei criminalizando a interrupção voluntária da gravidez em qualquer circunstância era uma das questões «fracturantes» que o clero católico local não queria ver alterada. Aliás, o bispo Fabian Marulanda Lopez, secretário-geral da conferência episcopal colombiana, clamava há uns meses que a Colômbia precisava, em relação ao aborto, de leis mais duras e penas mais pesadas (que os entre 1 a seis anos de cadeia previstos até hoje, mesmo quando o aborto se destinava a salvar a vida da grávida).

Face ao que consideram «uma ressonante vitória do lobby anti-vida», os bispos colombianos consideram a hipótese de incitarem à desobediência civil ao que afirmam ser uma lei «imoral».

De facto, para a Igreja Católica é «imoral» salvar a vida de uma gestante. O modelo de perfeição feminina «cristã» é uma mulher como Gianna Beretta Molla (canonizada com o título Mãe de Família), que se recusou a interromper a gravidez que a matou. Aliás, a encíclica Veritatis Splendor (1993)é muito explícita sobre o tema: João Paulo II afirma que o aborto é um mal intrínseco e que não há excepções que o permitam. Mesmo que essa excepção seja salvar a vida da gestante…

Aparentemente nem neste país em que a ICAR tem uma influência quasi medieval os católicos locais seguem os ditames de Roma. De facto, estima-se que na Colômbia 1 em cada 4 gravidezes terminem em aborto, de vão de escada para as mulheres de menor poder económico, 30% das quais apresentam complicações pós-aborto, que são a 3ª causa de morte para as mulheres colombianas. Para além disso, os estudos de opinião indicam que a esmagadora maioria da população concorda com o levantamento das restrições agora efectivado.

Diria que as tentativas de sublevação popular dos bispos colombianos contra esta lei só terão eco nos fanáticos fundamentalistas que acham não terem as mulheres quaisquer direitos… sequer o direito à vida, consagrado em todos os tratados internacionais!

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