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Os «civilizacionistas»

Existe, visível em artigos de jornais e em alguns recantos da blogo-esfera, uma corrente política que expressa um repúdio veemente pelo clericalismo islâmico e pelos seus crimes, mas que se esquece de condenar os clericalismos católico ou judaico.

Chamemos-lhes «civilizacionistas».

São geralmente os mesmos que defendem que a laicidade evoluiu a partir do cristianismo (um erro clamoroso…) e que jamais poderá florescer em países que tiveram ou têm outras religiões maioritárias. São os mesmos que se entusiasmam com as «guerras de civilizações» e que disfarçam (nem sempre com sucesso…) um ódio surdo aos imigrantes. Que condenam a excisão e a circuncisão quando feitas num contexto islâmico, mas desculpam a circuncisão quando feita entre judeus. No fundo, defendem que libertarmo-nos da cultura de origem é anátema, e que devemos tratar os indivíduos e os países em função da sua religião suposta.

Mas enganam-se. O catolicismo ou o judaísmo estão mais próximos do Islão do que da cultura iluminista. Foi o século das luzes, de Voltaire e Thomas Paine, que lançou as sementes da descrença e da laicidade, que geraram as democracias laicas onde vivemos. Contra as igrejas e contra o cristianismo, e não por influência destes. Convém não esquecê-lo.

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