Os IDiotas e o Tiktaalik roseae
Os criacionistas americanos estão com alguns problemas em digerir o Tikataalik rosae, o fóssil descoberto recentemente que constitui mais um elo ilustrativo da evolução de alguns peixes para animais terrestres.
Achei deveras divertida a resposta do templo da IDiotia, o Discovery Institute, que clama que o fóssil não constitui uma ameaça para as suas pretensões neocriacionistas uma vez que não é de facto uma espécie de transição:
«Estes peixes não são espécies intermédias, explicaram os cientistas do Discovery Institute que questionei sobre a descoberta. Não são intermédios no sentido que são meio peixe/meio tetrápode. Pelo contrário, eles têm algumas características de tetrápodes».
Os IDiotas tentam assim «sossegar» os devotos americanos com mais um disparate, nomeadamente que uma espécie intermédia teria necessariamente de apresentar 50% de características de peixe e 50% de tetrápode (não sei muito bem quem avaliaria se faltavam umas décimas …)
Esta explicação é de facto a IDiotia no seu esplendor muito bem desmontada numa série de posts em diversos blogs de ciência americanos.
Mas o disparate total pode ser encontrado no Respostas no Genesis, um site criacionista puro e duro, que discute apenas a notícia desta descoberta no New York Time e não os artigos originais.
Aparentemente o que preocupa os devotos criacionistas, que carpem não terem sido oferecidos o direito ao contraditório, é o facto do público em geral ter sido informado de mais esta confirmação da evolução que negam. E apenas para o público em geral debitam uma série de enormidades sem pés nem cabeça, brilhantemente analisadas por quem de direito, um cientista que trabalha exactamente nestes peixes, os ancestrais de todos os vertebrados terrestres.
Tal como explica este vídeo «educacional», «Teoria [científica], facto ou ficção?», em que um jovem trata do dilema que «aflige» muitos outros jovens americanos: a escolha entre a fé e a ciência, são necessários os conselhos dos «bons pastores» para os manter no «bom caminho» e longe da tentação da racionalidade…
Conselhos que por cá são dados pelo representante-mor do Vaticano local que adverte os católicos portugueses para os perigos da ciência e da análise racional, destacando que «os discípulos de Cristo não podem cair nesta tentação [usar a razão]».