Nem só Deus é contra a cultura
Eugéne Delacroix (1798-1863), Atilla suivi de ses hordes, foule aux pieds l’Italie et les arts
Na noite de 10 para 11 de Março a Sorbonne foi ocupada por 12 horas. Para além de pelo menos 10 salas e escritórios da l’École des Chartres, localizada na Sorbonne e que forma pessoal científico responsável pela manutenção de património, terem sido saqueadas, dois anfiteatros e todas as cafetarias destruídos, um número indeterminado de livros raros e de elevado valor histórico e religioso foram mutilados, roubados ou destruídos.
Uma lista preliminar dos títulos em falta foi entregue pelo director da l’École des Chartes, Jérôme Belmon, ao reitor da Universidade. Confirmados como desaparecidos encontram-se os cartulários dos abades da Île-de-France, mais concretamente de Saint-Leu d’Esserent, de Saint-Christophe en Halatte, da abadia de Morienval, de Notre-Dame de Chartres, e dos priorados de Saint-Godon-sur-Loire e de Saint-Thomas d’Epernon. Os cartulários são livros nos quais eram inscritos todos os documentos oficiais ou de direito privado na Idade Média e são portanto indispensáveis para o estudo desta época. Alguns dos cartulários desaparecidos reproduzem documentos que se pensa serem do século X.
Quaiquer que sejam os motivos, a violência e a destruição de património histórico, indispensável para a análise da evolução cultural (que inclui como é óbvio a religião) do Homem são inadmíssiveis. O vandalismo perpetrado na Sorbonne é tão inadmíssivel quanto a destruição das estátuas milenares de Buda em Bamiyan, Afeganistão.