Delírios Astrais (I)
O interesse na observação astronómica na Antiguidade confunde-se entre a ciência observacional no estudo dos astros, o dividendo tecnológico para navegação e orientação em viagem e a previsão do futuro. Quando Kepler se tornou Matemático Imperial da corte de Rudolfo II em 1601 o cargo de Astrólogo Imperial estava implícito.
A influência dos astros está longe de ter comprovação experimental. No passado, fenómenos e termos estranhos à maioria das pessoas como a gravidade ou o electromagnetismo (o magnetismo animal de Mesmer adoptado por Allan Kardec, por exemplo) eram indicados com estando na origem da ligação aos corpos celestes. Hoje em dia poucos astrólogos defendem essa hipótese já que as distâncias da Terra aos planetas mencionados em Astrologia tornam irrisórias quaisquer influências nesses termos. O que se afirma é que a posição dos astros na esfera celeste pela altura do nascimento de uma pessoa (ou da altura em que ocorre determinado evento) é que é determinante para a análise astrológica.
Em alternativa a questionar a fantasmagórica influência que os astros supostamente têm sobre as pessoas ou a sua taxa de sucesso bem embaraçosa (e segura por arames com argumentos ad hoc), um outro tipo de exercício, bem mais simples, permite recusar qualquer pretensão de seriedade que a Astrologia (ou os astrólogos) tenha.
A eclíptica e os signos zodiacais, a Levante
A astrologia horoscópica que está na base da astrologia moderna, popular na cultura ocidental, baseia-se no cálculo do signo e do ascendente de uma pessoa. O percurso aparente do Sol na esfera celeste, ao longo do ano, define uma linha chamada eclíptica. As constelações no fundo dessa linha definem os 12 signos. O signo solar de uma pessoa depende da sua data de nascimento. Corresponde à constelação que a posição do Sol tem como fundo no momento em que essa pessoa nasce. O ascendente (em grego, horoskopos) calcula-se tendo em conta a data, hora e local geográfico de nascimento da pessoa – a constelação zodiacal que nasce no horizonte, a Este, determina-o. A partir daí, alegadamente, é possível prever os traços de personalidade e aconselhar o interessado quanto às decisões a tomar no futuro.