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Evolução desenhada

No próximo número da revista Nature, disponível online ontem, é publicado o genoma da Tasha, uma cadela boxeur de 12 anos. Usando esta informação como referência, os cientistas envolvidos no projecto sequenciaram selectivamente partes do genoma de 10 raças caninas diferentes e de espécies relacionadas na árvore da evolução como o coiote e o lobo cinzento.

De facto, os nossos fiéis amigos são ideais para falsificar alguns detalhes do evolucionismo já que a espécie Canis familiaris, graças aos humanos que os «adoptaram» ainda na forma de Canis lupus e moldaram a sua evolução nos últimos 15 000 anos, permite traçar ao longo deste tempo as raízes genéticas das características que cada raça desenvolveu.

A descodificação do genoma do cão é fascinante de per se mas, não obstante os cães estarem mais distantes de nós na árvore evolutiva que outros mamíferos cujo genoma já foi sequenciado, como o chimpanzé, servirá principalmente para testar algumas hipóteses concernentes à forma como os mamíferos evoluiram.

Extremamente promissora é a análise de algumas sequências do ADN que continua a intrigar os cientistas, denominado «junk (lixo) DNA», no sentido que não é codificante, que são conservadas nos ratos, humanos e cães. O facto destas sequências serem muito semelhantes nas três espécies indica que podem funcionar como interruptores moleculares que ligam e desligam a actividade dos genes. A investigação do papel do «junk DNA» e a descoberta do que silencia e activa os genes são duas áreas da genética moderna ainda na sua infância.

Como disse Kerstin Lindblad-Toh, a líder deste projecto, «Estes sinais que decidem quando um gene é ligado e desligado são extremamente importantes. Agora nós estamos a olhar para a ponta do iceberg, mas quando tivermos dez ou vinte (genomas de) mamíferos poderemos cristalizá-lo ainda mais».

Ainda não são conhecidas reacções a mais esta evidência da macro-evolução por parte dos neo-criacionistas (ou IDiotas), certamente ainda a digerir o relatório da Fordham Foundation sobre o ensino de ciência nos Estados Unidos, mais concretamente sobre os padrões a serem seguidos nas escolas de cada estado. Como seria de esperar, o Kansas teve a nota mais baixa…

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