Sex and the Holy City
Há uns dias tive oportunidade de finalmente ver o programa da BBC «Sex and the Holy City» do qual já lera algumas transcrições mas nunca tinha visionado. O programa é absolutamente devastador e deveria ser de visualização obrigatória para todos, especialmente os católicos, para todos se aperceberem da real dimensão da influência nefasta da Igreja Católica no mundo.
Na realidade muitos dos católicos que defendem mesmo as práticas mais desumanas da «santa» Igreja, como as que respeitam à posição em relação à contracepção, aborto terapêutico, uso do preservativo como profilaxia da SIDA e em geral tudo o que diga respeito à saúde sexual e reprodutiva, contrapondo como elemento que se sobrepõe a esta atitude retrógrada, com contornos criminosos, um suposto papel humanitário levado a cabo pela Igreja, no terceiro mundo em particular, não assistiram certamente a este programa esclarecedor.
Para além do mais convém não esquecer que se a Igreja tem dinheiro para levar a cabo este suposto papel social que, segundo os crentes, justifica as doutrinas mais abjectas, tal se deve exclusivamente ao facto de não estar sujeita a quaisquer obrigações fiscais. Assim, o dinheiro que é usado para convencer o mundo da estrita necessidade das instituições religiosas provem de investimentos e negócios que, no mundo inteiro, não contribuem um cêntimo para os estados respectivos assegurarem eles próprios o papel social para que as religiões se reclamam indispensáveis. A Igreja Católica, por exemplo, é a multinacional mais poderosa nos Estados Unidos, com negócios não taxados que vão desde a operação de parques de estacionamento, hotelaria, empresas de comunicação social a bancos. A tudo isto soma-se a contribuição monetária não despicienda dos governos estaduais e federal.
Ou seja, as religiões em geral e a católica em particular constituem um negócio extremamente lucrativo que, para além de não pagar impostos sobre os lucros dos respectivos investimentos, recebe contribuições significativas dos impostos que todos pagamos. O seu suposto contributo social (que não o é de facto) só é possível à custa do nosso dinheiro, quer o que contribuímos directamente via impostos quer aquele que não é colectado de actividades (muito) lucrativas e que seria melhor utilizado numa assistência social estatal!
E as supostas meritórias acções das instituições sociais religiosas, nos países do terceiro mundo e em todo o lado onde se instalam, não são fornecidas graciosamente: os receptores dessa «beneficiência» são livre e abundantemente proselitados, isto é, sujeitos a lavagem cerebral em doses massivas, e essa «beneficiência» é ministrada de acordo com os ditames «morais» do Vaticano.
Ditames de facto imorais como é perfeitamente ilustrado no supracitado programa da BBC. Onde acompanhamos o repórter Steve Bradshaw num périplo pelo mundo e assistimos à forma criminosa como a Igreja de Roma impõe os seus anacrónicos ditames (as)sexuais a todos, católicos e não católicos, usurpando o papel estatal na assistência médica e hospitalar em países sub-desenvolvidos. Ditames que resultam, por exemplo, numa cultura de morte nas Filipinas e contribuem para o alastrar da epidemia de SIDA no devastado continente africano.