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Manobras de marketing

Numa Grã-Bretanha em que o número de crentes na exegese da Igreja de Roma decresce com uma velocidade vertiginosa, em que os seminários estão às moscas e procuram candidatos em países mais pobres devotos, urgem medidas de marketing que captem clientes para encher os depauperados cofres das dioceses.

Nada melhor para captar e fidelizar os clientes que a oferta de um produto local e assim o Vaticano prepara-se para produzir o primeiro santinho inglês pós-reforma, o Cardeal Newman (1801-1890), o padre que chocou a sociedade vitoriana convertendo-se ao catolicismo e que previu o advento de uma «segunda Primavera» do catolicismo em Inglaterra.

Newman é candidato a santinho já há uns anos mas, não obstante a prodigalidade com que o finado Papa distribuiu beatificações e canonizações pelos quatro cantos do globo, a míngua de milagres impediu a concretização do primeiro passo para a santidade. Mas a situação desesperada da delegação britânica da Igreja de Roma exige medidas desesperadas de forma que, milagrosamente também, surgiu recentemente o testemunho de um clérigo da diocese de Boston que asseverou ter recuperado de uma maleita das costas depois de interceder junto ao piedoso e presciente Newman.

Só não percebi porque razão Paul Chavasse, o padre responsável pela causa de Newman, diz que o padre americano não pode ser nomeado. Um padre de Boston que não quer ou não pode ser nomeado, atendendo à dimensão do escândalo da pedofilia que abalou e quase levou à bancarrota a diocese local, parece-me um pouco estranho!

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