Mais um prego no caixão dos criacionismos
Um dos argumentos dos criacionistas (e dos neo-criacionistas ou IDiotas) contra a evolução reside no que eles chamam a impossibilidade da abiogénese, ou seja, a formação da primeira molécula com capacidade de auto-replicação a partir de material não biológico. Na realidade a objecção é falaciosa uma vez que o evolucionismo é independente de qualquer hipótese abiogénica, ou seja, apenas explica a evolução das espécies a partir de ancestrais comuns sem propor qualquer teoria sobre como esses ancestrais surgiram.
Mas a abiogénese pode ser explicada, independentemente da teoria da evolução, apenas com base na química dos elementos, especialmente os constituintes dos compostos orgânicos, e na química destes compostos orgânicos, nomeadamente na sua capacidade de auto-organização (self-assembly) que consiste na formação (espontânea) de estruturas complexas a partir de componentes simples. Um exemplo de uma estrutura destas, que permite a realização de tarefas que os componentes isolados são incapazes de promover, é a membrana celular cuja formação é mimetizada facil e regularmente em laboratórios de todo o mundo.
A NASA revelou na quinta-feira que compostos orgânicos que desempenham um papel crucial na química da vida são bastante comuns no espaço. De acordo com um artigo científico publicado na revista Astrophysical Journal apresentando o trabalho da equipa liderada por Douglas Hudgins, do centro de investigação Ames da NASA, estes compostos são «prevalecentes através do Universo». Afirmação que é suportada pela investigação efectuada com recurso ao telescópio espacial Spitzer da NASA, que mostrou que «moléculas complexas orgânicas chamadas hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH’s) se encontram em cada canto e recanto da nossa galáxia»
Embora estes PAH’s de per se não sejam muito atractivos para os astrobiólogos, a descoberta de Hudgins que no espaço a maioria destes compostos incorpora azoto na sua estrutura alterou tudo. Porque, como relembrou um dos membros da equipa, «A clorofila, o composto que permite a fotossíntese em plantas, é um bom exemplo desta classe de compostos, chamados heterociclos policíclicos aromáticos de azoto (PANH’s). Ironicamente os PANHs são formados abundantemente em torno de estrelas moribundas. Assim, mesmo na morte, as sementes da vida são semeadas».
Não é muito difícil de prever que os criacionistas de todas as versões vão ignorar este novo dado experimental, mais uma evidência científica que deita por terra os mitos da criação cristãos!