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Mês: Outubro 2005

31 de Outubro, 2005 Palmira Silva

Contra o obscurantismo: O Legado de Einstein

O melhor antídoto contra o obscurantismo religioso é o conhecimento científico. E nada melhor que «O Legado de Einstein» para iniciar a divulgação de eventos científicos para o público em geral.

Aliás a promoção e divulgação da ciência e do pensamento científico para o público em geral é o objectivo deste ciclo de colóquios, integrado no Ano Internacional da Física 2005 e organizado pelo Centro de Física das Interacções Fundamentais, em colaboração com o Projecto QuantLog: Logic in Quantum Computation and Information, do Centro de Lógica e Computação, do Instituto Superior Técnico. Tomando como ponto de partida os trabalhos de Albert Einstein, tentar-se-á mostrar a evolução das ideias e conceitos em Física, as implicações daí resultantes para a compreensão da Natureza e para a vida do dia a dia, como consequência das aplicações tecnológicas resultantes.

O programa é o que se segue:

3 de Novembro
António Brotas, IST, Lisboa
Física clássica e relatividade: continuidade e ruptura

10 de Novembro
Hélder Crespo, FCUP, Porto
O fotão e a emissão estimulada: dois ingredientes para o laser

17 de Novembro
João Lopes dos Santos, FCUP, Porto
Condensação de Bose-Einstein: setenta anos entre previsão e realização

24 de Novembro
Yasser Omar, ISEG, Lisboa
Do desassossego de Einstein até à criptografia quântica

30 de Novembro
Vítor Rocha Vieira, IST, Lisboa
Movimento Browniano: átomos e flutuações

Local: Instituto Superior Técnico, Av. Rovisco Pais
Anfiteatro Prof. António da Silveira (EA5, Torre Norte), às 16:00 h

31 de Outubro, 2005 Palmira Silva

Bush nomeia mais um teocrata para o Supremo

A «guerra» teocrática tomou novo fôlego nos Estados Unidos depois da renúncia de Harriet Myers para o Supremo Tribunal americano, em substituição da moderada Sandra Day O’Connor.

Os teoconservadores que pretendiam ser o nomeado alguém como Antonin Scalia ou Clarence Thomas, ambos devotos católicos, membros do Opus Dei, grandes defensores de óvulos e espermatozóides, da pena de morte, da discriminação de homossexuais e mulheres e de todos os ditames do Vaticano, estão esfuziantes com a nomeação de Samuel Alito.

Samuel Alito é conhecido por Scalito por mimetizar perfeitamente a ideologia de Antonin Scalia.

Depois da posse de John G. Roberts, se Alito passar no Senado, existirá, pela primeira vez na História deste país, maioria clara de teoconservadores no Supremo Tribunal americano. Muito mau augúrio para o futuro daquela que é actualmente a única superpotência mundial.

30 de Outubro, 2005 Palmira Silva

Sex and the Holy City – II

No programa da Panorama podemos assistir a um exemplo elucidativo sobre o modus operandis da Igreja no terceiro mundo, que, mesmo em países em que o catolicismo não é a religião maioritária, se infiltra através de grupos de ajuda supostamente humanitária e impõe a sua cultura de morte através destas instituições. O Quénia é esse exemplo, um país em que apenas cerca de 28% da população é católica, mas em que a Igreja católica praticamente controla a saúde e a educação. Quando o governo queniano declarou a SIDA como um emergência nacional e tentou adoptar o uso de preservativos como uma forma de controlar a epidemia, a Igreja católica local reagiu violentamente contra tal medida, levando um dos membros do Parlamento local a declarar a Igreja católica como «o maior obstáculo na luta contra o HIV/SIDA». De igual forma a minoritária mas poderosa e influente Igreja Católica opôs-se vigorosamente e boicotou um programa de educação sexual nas escolas, apesar de a ONU recomendar esta como uma das formas fulcrais para evitar a disseminação da SIDA.

No programa é entrevistado o Cardeal Maurice Otunga, o responsável máximo da ICAR local, que conduziu várias manifestações de fé e devoção cristãs, com o ponto alto na queima de preservativos e folhetos educativos sobre a SIDA. Dignitário que considera e afirma publicamente sem qualquer prurido de consciência, tal como Raphael Ndingi Mwana’a Nzeki, o arcebispo de Nairobi, que o uso de preservativos dissemina a SIDA. Otunga mantém, tal como o piedoso cardeal Alfonso Lopez Trujillo, responsável pelo Conselho Pontifical da Família, que o HIV é suficientemente pequeno para passar através dos preservativos (que têm… poros!). Reafirmando que «os preservativos podem mesmo ser uma das principais razões para a disseminação do HIV/SIDA», ecoando o que a conferência dos bispos da África do Sul, um dos países mais flagelados pela doença, tinha afirmado uns anos antes.

Por isso, e apesar de todo o corpo de conhecimento científico em contrário e as recomendações da organização Mundial de Saúde, sustentadas em factos médicos e não em preconceitos religiosos, a propaganda anti-preservativo da Igreja católica no Quénia atingiu proporções desastrosas e teve um sucesso mortal. Um inquérito levado a cabo pela Kenyan Media Institute indica que 54% dos quenianos não acreditam que os preservativos sejam eficientes a prevenir a infecção com o HIV e concordam que «os preservativos encorajam a imoralidade que por sua vez expõe as pessoas ao risco de contraírem o vírus».

No programa assistimos ainda a uma visita de uma freira católica à família de um homem queniano infectado com o HIV, que não usa preservativo porque, de acordo com os piedosos ensinamentos cristãos, reiterados na visita, «sabe» que o preservativo deixa passar o vírus…

Mentira deliberada que podemos ver propagada pela Igreja católica em todo o mundo, da Ásia à América latina, via os seus 100 000 hospitais e 200 000 agências de serviço social, mantidos com o dinheiro de todos nós! E insatisfeitos em «apenas» disseminar mentiras, proíbir o uso e informação sobre os preservativos (ou qualquer método contraceptivo) nas instituições católicas, a Igreja usa todos os mecanismos de pressão política de que dispõe para que tal seja geral, mesmo em ONG’s seculares. Em Lwak, perto do Lago Vitória, o director de um centro de combate à SIDA afirma que não pode distribuir preservativos devido à oposição da Igreja. Gordon Wambi afirma no programa: «Alguns padres têm dito que os preservativos estão contaminados com o vírus HIV»

30 de Outubro, 2005 Palmira Silva

Sex and the Holy City

Há uns dias tive oportunidade de finalmente ver o programa da BBC «Sex and the Holy City» do qual já lera algumas transcrições mas nunca tinha visionado. O programa é absolutamente devastador e deveria ser de visualização obrigatória para todos, especialmente os católicos, para todos se aperceberem da real dimensão da influência nefasta da Igreja Católica no mundo.

Na realidade muitos dos católicos que defendem mesmo as práticas mais desumanas da «santa» Igreja, como as que respeitam à posição em relação à contracepção, aborto terapêutico, uso do preservativo como profilaxia da SIDA e em geral tudo o que diga respeito à saúde sexual e reprodutiva, contrapondo como elemento que se sobrepõe a esta atitude retrógrada, com contornos criminosos, um suposto papel humanitário levado a cabo pela Igreja, no terceiro mundo em particular, não assistiram certamente a este programa esclarecedor.

Para além do mais convém não esquecer que se a Igreja tem dinheiro para levar a cabo este suposto papel social que, segundo os crentes, justifica as doutrinas mais abjectas, tal se deve exclusivamente ao facto de não estar sujeita a quaisquer obrigações fiscais. Assim, o dinheiro que é usado para convencer o mundo da estrita necessidade das instituições religiosas provem de investimentos e negócios que, no mundo inteiro, não contribuem um cêntimo para os estados respectivos assegurarem eles próprios o papel social para que as religiões se reclamam indispensáveis. A Igreja Católica, por exemplo, é a multinacional mais poderosa nos Estados Unidos, com negócios não taxados que vão desde a operação de parques de estacionamento, hotelaria, empresas de comunicação social a bancos. A tudo isto soma-se a contribuição monetária não despicienda dos governos estaduais e federal.

Ou seja, as religiões em geral e a católica em particular constituem um negócio extremamente lucrativo que, para além de não pagar impostos sobre os lucros dos respectivos investimentos, recebe contribuições significativas dos impostos que todos pagamos. O seu suposto contributo social (que não o é de facto) só é possível à custa do nosso dinheiro, quer o que contribuímos directamente via impostos quer aquele que não é colectado de actividades (muito) lucrativas e que seria melhor utilizado numa assistência social estatal!

E as supostas meritórias acções das instituições sociais religiosas, nos países do terceiro mundo e em todo o lado onde se instalam, não são fornecidas graciosamente: os receptores dessa «beneficiência» são livre e abundantemente proselitados, isto é, sujeitos a lavagem cerebral em doses massivas, e essa «beneficiência» é ministrada de acordo com os ditames «morais» do Vaticano.

Ditames de facto imorais como é perfeitamente ilustrado no supracitado programa da BBC. Onde acompanhamos o repórter Steve Bradshaw num périplo pelo mundo e assistimos à forma criminosa como a Igreja de Roma impõe os seus anacrónicos ditames (as)sexuais a todos, católicos e não católicos, usurpando o papel estatal na assistência médica e hospitalar em países sub-desenvolvidos. Ditames que resultam, por exemplo, numa cultura de morte nas Filipinas e contribuem para o alastrar da epidemia de SIDA no devastado continente africano.

30 de Outubro, 2005 Palmira Silva

Humanismo e sociedade

Decorre até amanhã em Amherst, New York, um Congresso Internacional devotado ao tema «Toward a New Enlightenment» realizado no âmbito das comemorações do 25º aniversário do Conselho do Humanismo Secular. Entre os congressistas encontram-se Richard Dawkins e os prémios Nobel da Química Harold Kroto e Herbert Hauptmann. Harry (Kroto) é um ateu «militante» que tive o prazer de conhecer em finais dos anos oitenta e já nessa altura, antes do recrudescer dos fundamentalismos religiosos que hoje nos assolam, o seu tema favorito de conversa, tirando o C60, claro, cuja descoberta lhe valeu o Nobel em 1996, era a ameaça para a humanidade e para o seu desenvolvimento ético que as religiões representavam. Aliás, preocupação que não esteve ausente da sua autobiografia no site da Fundação Nobel, em que se pode ler:

«Depois de tudo isto, acabei sendo um apoiante de ideologias que advogam o direito do indíviduo falar, pensar e escrever em liberdade e segurança (certamente a fundação de uma sociedade civilizada). Tenho problemas pessoais muito sérios quando confrontado com indíviduos, organizações e regimes que não aceitam que essas liberdades são direitos humanos fundamentais. (…) Assim sou um apoiante da Amnistia Internacional, um humanista e um ateu. (…) Organizações que procuram influência política através de um esforço coordenado perturbam-me e por isso considero que grupos religiosos e grupos de pressão religiosos que operam desta forma o fazem anti-democraticamente e não deveriam ter qualquer papel em política.Também tenho problemas com aqueles que pregam ideologias racistas e relacionadas que quasi parecem indistínguiveis do nacionalismo, patriotismo e convicção religiosa»

As considerações de Harry sobre a religião e sua influência nefasta na Humanidade são reflectidas neste Congresso:

«Milhares de anos de história humana e as delapidações das guerras mundiais trouxeram a maior parte do mundo para o limiar da paz e proporcionaram a véspera do enlightenment (termo difícil de traduzir, talvez iluminismo no sentido de oposição a obscurantismo religioso). O último século em particular viu a emergência de tratados internacionais e instituições que constituiram passos em frente no desenvolvimento de uma verdadeira civilização internacional, liberta dos erros e preconceitos inerentes a culturas religiosas fundamentalistas. Foram propostos novos métodos de governo, nacional e internacional, e estabelecidos tratados internacionais reconhecendo os direitos humanos fundamentais. Os valores do Enlightenment europeu foram estabelecidos através destas novas instituições e tratados mesmo quando se verificam revezes quer no Médio Oriente quer em democracias ocidentais.

O fundamentalismo religioso em todo o mundo ameaça o nosso progresso de uma forma que a Guerra Fria nunca o fez. Duas visões escatológicas competitivas enfrentam-se agora em que a vitória mútua assegura o fim do mundo enquanto os sistemas económicos em competição na Guerra Fria asseguravam que a derrota mútua seria o fim inevitável do falhanço da paz. O fundamentalismo ameaça igualmente o progresso científico e cultural e as liberdades individuais, já que as religiões lutam por supremacia ideológica, sem qualquer respeito pelas verdades descobertas pela ciência ou pelas batalhas por liberdades individuais que foram travadas e ganhas contra o autoritarismo e contra o medo. Até à data os Estados Unidos e a Europa Ocidental têm sido faróis na marcha do progresso e dos valores do Enlightenment mas a maré parece estar a recuar. Enquanto as forças do fundamentalismo preparam e armam os seus seguidores para uma batalha contra os valores que abraçámos devemo-nos unir numa causa para defender mais veementemente que nunca esses valores.

Os valores do Enlightenment estão a ser ameaçados em todo o Mundo. A agenda fundamentalista quer no Ocidente quer no Oriente rejeita liminarmente esses valores. Estamos no limiar de uma nova obscurantista Idade Média. Poderemos aprender com as lições do Enlightenment francês e inglês e ajudar a construir um Novo Enlightenment

Os colaboradores do Diário Ateísta partilham as preocupações das associações humanistas internacionais que participam neste Congresso e tentarão ajudar, dentro das suas capacidades, a que a resposta a esta questão crucial para o futuro da Humanidade seja afirmativa. Continuaremos como sempre o fizemos a responder aos assaltos dos fundamentalismos religiosos ao que prezamos e defendemos: ciência, racionalismo, laicidade, livre pensamento e valores humanistas!

29 de Outubro, 2005 Mariana de Oliveira

Americanos criacionistas

A maioria dos norte-americanos não aceita a teoria evolucionista. Na verdade, cinquenta e um por cento dos americanos dizem que Deus criou os humanos na sua presente forma. Trinta por cento acredita que embora os humanos tenham evoluído, Deus conduziu o processo. Apenas quinze por cento entende que os humanos evoluíram e que Deus não esteve envolvido. Estes resultados são semelhantes àqueles divulgados em 2004, pouco tempo após a eleição presidencial.

Os americanos que mais facilmente acreditam apenas na evolução são os liberais (trinta e seis por cento), aqueles que raramente ou nunca participam em serviços religiosos (vinte e cinco por cento) e aqueles com um grau de ensino superiou ou mais elevado (vinte e quatro por cento).

Evangélicos brancos (setenta e sete por cento), frequentadores de missas semanais (setenta e quatro por cento) e conservadores (sessenta e quatro por cento), dizem que Deus criou o Homem na sua aparência actual.

No entanto, a maior parte dos norte-americanos entende que é possível acreditar em Deus e na evolução. Dentro desta questão, aqueles que acreditam na criação divina dividem-se: quarenta e oito por cento acha que é possível conciliar as duas coisas, mas o mesmo número discorda.

Com estes resultados não admira que os Estados Unidos se tenham tornado um palco privilegiado para o combate entre os evolucionistas, criacionistas e os novos IDiotas.

28 de Outubro, 2005 Mariana de Oliveira

Abade saído das cascas

O abade Pierre, fundador da comunidade Emmaüs, publicou ontem um livro intitulado «Mon Dieu… pourquoi?», em que aborda questões como o celibato dos padres, o sacerdócio das mulheres e onde confessa ter tido relações sexuais com mulheres de «maneira passageira».

De acordo com este padre, Roma autoriza desde há muito os «padres casados» ordenados nos ritos católicos do Oriente, como os coptas ou maronitas, acrescentando «Não vejo por que razão João Paulo II pôde afirmar recentemente que estava fora de questão abrir [a questão do] celibato para o resto da Igreja Católica». O fim do celibato «permitiria resolver, parcialmente, a crise das vocações e da penúria de padres».

No plano da teologia, o abade Pierre não vê «nenhum argumento de monta que proibiria a Jesus, o Verbo personificado, de conhecer uma experiência sexual», especialmente com Maria Madalena, «a mulher que foi mais chegada, à excepção da mãe». Se tal aconteceu ou não «não muda nada ao essencial da fé cristã».

Quanto à questão da ordenação das mulheres, o fundador da comunidade Emmaüs não vê quaisquer problemas. «Sejam quais forem as eminentes funções que ocupam, aqueles que tomam tais posições nunca avançaram um único argumento teológico decisivo que demonstre que o acesso das mulheres ao sacerdócio seria contrário à fé».

No que diz respeito aos direitos dos casais homossexuais, o abade reconhece-lhes o direito de adoptarem crianças e de «provarem o seu amor à sociedade», mas prefere que usem o termo «aliança», em vez de «casamento» para qualificarem a sua união uma vez que tal criaria «um traumatismo e uma desestabilização social forte».

É pena que estas posições mais tolerantes e equilibradas não constituam a maioria na hierarquia da ICAR. Se assim fosse, talvez não tivessemos tanto a apontar à Igreja Católica.

28 de Outubro, 2005 Mariana de Oliveira

Vitória para a teocracia americana

Harriet Miers, nomeada por George W. Bush para o Supremo Tribunal de Justiça americano, renunciou a este cargo. Numa carta dirigida ao Presidente, a antiga conselheira para a Casa Branca, afirma não querer ser «um fardo» para a Administração.

A nomeação de Miers foi criticada pela direita americana que pretendia a nomeação de um magistrado anti-aborto.

A direita teocrata «agradeceu» à advogada e ofereceu-se para «apoiar outro candidato que siga a linha de Antonin Scalia ou Clarence Thomas», juízes conhecidos pelas suas posições contrárias à defesa dos direitos civis.

Por seu turno, os democratas acusam a «direita radical republicana» de «matar» a nomeação de Miers e temem – com razão – que Bush nomeie um extremista que agrade à sua base de apoio ultra-conservadora.

27 de Outubro, 2005 Carlos Esperança

A fábula de Cristo

«A fábula de Cristo é de tal modo lucrativa que seria ingénuo advertir os ignorantes do seu erro». Leão X, papa in «Cristo Nunca Existiu» – Emílio Bossi.

Com excepção de João Paulo II, um homem supersticioso e beato, representante de uma Polónia rural, atrasada e autoritária, é pouco provável que os Papas modernos acreditem na existência de Deus.

No passado houve vários, comprovadamente ateus, chamados anti-papas pelos sucessores que herdaram o negócio e a quem coube redimir o passado onde avô, filho e neto usaram a tiara e muitos estimularam orgias que fizeram do Vaticano o mais sofisticado bordel da Europa. Os Bórgias são os mais conhecidos desse passado de cupidez, simonia, deboche e luxúria mas muitos outros usaram o poder e a riqueza do cargo para se regalarem com os mais deliciosos pecados, que consideram abomináveis, da Igreja a que presidiam.

Hoje, já não há papas na casa dos vinte anos. Os cardeais escolhem indivíduos cuja idade os torne imunes às tentações da carne e ao fascínio do múnus.

Não é provável que homens cultos e experientes acreditem nas fábulas que a cegueira ontológica dos evangelistas criou, mas compreende-se que não abdiquem do poder que sabem estar dependente do número de crentes de que dispõem e da intensidade da sua fé.

Com a excepção de JP2 – repito -, os Papas não acreditam em milagres embora se sintam na necessidade de rubricar alguns para gáudio de populações simples, pobres, crédulas e fascinadas pelo fantástico.

27 de Outubro, 2005 fburnay

Religião e Sociedade

Desenganem-se os que afirmam que a religião é necessária para a coesão social. O artigo citado na Times, publicado na Religion and Society, um jornal académico dos EUA, é mais uma prova de que a decadência da sociedade não anda de mãos dadas com o secularismo nem a ausência de crenças. Chega mesmo a afirmar que a crença religiosa causa danos à sociedade, contribuindo para mais elevadas «taxas de homicídio, aborto, promiscuidade sexual e suicídio». Muitos cristãos liberais acreditam que estes males que afligem a sociedade são minorados com a crença no divino. Mas de acordo com o autor do estudo, existe uma correlação positiva entre a taxa de crença num deus e elevadas taxas de homicídio, mortalidade juvenil e adulta, infecção com DST’s, gravidez na adolescência e aborto.

Deus é um mal desnecessário…