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Arte proibida em Teerão

O Museu de Arte Contemporãnea de Teerão está a conhecer uma afluência inusitada de visitantes. A razão é uma exposição que exibe 190 quadros da colecção de Farah Pahlavi, a mulher do ex-Xá, incluindo obras de Picasso, Toulouse-Lautrec e Andy Warhol, que é simultaneamente uma despedida simbólica do actual director Ali-Reza Samiazar, forçado a pedir a demissão pelo novo regime do presidente Mahmoud Ahmadinezhad. De facto, os quadros agora expostos estavam banidos numa cave desde a queda do Xá e advento da teocracia no Irão, considerados «imorais» e «anti-islâmicos» pelos mullahs.

Numa entrevista ao Jornal de Arte, Samiazar, que acredita que a exposição não será encerrada porque é demasiado popular, revela que «Foi difícil promover a arte sob o governo reformista de Khatami (o anterior presidente), não há qualquer hipótese de o fazer sob os conservadores». Especialmente devido à recente tomada de posse como ministro da Cultura de Hossein Saffar-Harandi, um ultra-conservador, que acabará com o que resta da liberdade cultural no Irão.

Não obstante este ser um óbvio acto de revolta contra a ditadura dos mullahs, muito bem acolhido pelos visitantes do museu, que consideram esta a melhor exposição que Teerão conheceu e que se indignam por terem sido negados a sua apreciação por tanto tempo, Samiazar estabeleceu limites. Alguns quadros nunca saíram da cave, incluindo um Renoir representando uma mulher semi-nua. Pior sorte teve um tríptico de Francis Bacon representando dois homens numa cama e respectivos servos, que teve um tempo de vida efémero na exposição. No dia de abertura dois membros da milícia Basij arrancaram o painel central que representava os dois homens adormecidos e saíram com ele. O destino do quadro é desconhecido…

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