Educação católica nos EUA
O arcebispo J. Michael Miller, secretário da Congregação para a Educação Católica, foi o principal orador numa conferência devotada à discussão da educação católica no ensino primário e secundário, organizada pela Universidade Católica da América. Na sua intervenção o dignitário do Vaticano afirmou que a inexistência de financiamento público para escolas confessionais nos Estados Unidos é uma injustiça e «uma anomalia incrível» a nível mundial. Afirmando mesmo que os europeus estão «absolutamente espantados com a situação nos Estados Unidos», o que não deixa de ser verdade mas pelas razões opostas às que o piedoso arcebispo refere, isto é, os europeus estão espantados com o peso anormal que a religião tem na vida política americana. Mas, segundo Miller, o que espanta os europeus sobre os Estados Unidos (pela positiva diria eu) é esta ser uma das poucas nações no mundo em que existe pouco ou nenhum financiamento público para escolas religiosas, o que, de acordo com o responsável do Vaticano, coloca os Estados Unidos na companhia «do México, Coreia do Norte, China e Cuba».
Para Miller, a imagem de marca de uma escola católica é a sua inspiração numa «visão sobrenatural», de acordo com a missão evangelizadora da Igreja que pretende imbuir toda a vida das crianças com o espírito dos Evangelhos, com o louvável fim de «fabricar santos». E enfatizando que a descrição da pessoa humana oferecida pelas escolas laicas «simplesmente não é cristã», quiçá referindo-se ao odiado evolucionismo que nega a criação divina e o Imago Dei, fundamental à propalação das «verdades absolutas» obscurantistas tão queridas à santa Igreja. Pobres crianças sujeitas ao fanatismo de tais fundamentalistas!
Enfim, todo o episódio é apenas mais um que caracteriza uma igreja que se considera perseguida se não for financiada com dinheiros públicos para proselitar à vontade. E de uma igreja que considera a laicidade uma das abominações da actualidade. Nunca deixa de me surpreender, pela negativa, esta insistência da Igreja Católica, certamente relembrando os «gloriosos» tempos medievais, alvo de constantes reminiscências do anterior Papa, em ser sustentada com o dinheiro dos impostos de todos, católicos e não católicos! Especialmente este ênfase em usar os dinheiros públicos para fazer lavagens ao cérebro desde tenra idade, com total desrespeito pelos mais elementares direitos das crianças!
Espero que, de acordo com a Constituição dos Estados Unidos que consagra como pedra basilar a total separação religião-Estado, que estas jamais tenham financiamento público! Especialmente considerando o que ensinam nas escolas católicas americanas! Uma geração de americanos acreditando na definição de falácia e demais disparates «sobrenaturais» encontrados nos livros de ciência das escolas católicas seria desastroso!
«Falácia: tudo o que contradiz a verdade revelada de Deus, não importa quão científico, quão estabelecido ou quão aparentemente consistente e lógico pareça»