4 de Agosto, 2005 Carlos Esperança
Carta de um leitor
Vejam lá o que me aconteceu!
Sou ateu, e casei pelo registo civil com uma mulher católica, em 1969, com a condição de que NÃO haveria casamento pela igreja.
Assim foi.
No entanto, sucedeu o impensável:
Estando actualmente em processo de divórcio, vim apenas agora a saber que, em 1986, a minha mulher descobriu que era «possível celebrar um casamento católico mesmo sem a presença (nem procuração, nem autorização expressa) de um dos cônjuges» desde que o outro alegasse certas premissas!
Depois de ter falado com o padre da paróquia, ela escreveu uma carta endereçada ao Patriarcado em que declarava, p. ex., que era uma fervorosa católica, que as nossas 2 filhas eram baptizadas e eu nessas ocasiões tinha ido à igreja, mas que eu era contra princípios da igreja e por isso não quis casar-me; mas que cerca de dez anos antes eu tinha prometido à mãe dela que me casaria pela igreja (o que nao me lembro nada o de ter feito).
O padre da paróquia escreveu também, na mesma data, uma carta ao Patriarcado a declarar que a conhecia de frequentar a igreja e não via inconveniente em ser atendido o seu pedido.
Os registos do Patriarcado não têm qualquer referência ao facto de eu ter sido consultado ou ter dado acordo ao sucedido.
Assim, conseguiu que o Patriarcado (!) nos considerasse casados catolicamente - como se pode confirmar pelo documento anexo, de que pedi certidão recentemente.
Por solicitação minha, no mês passado foi-me permitido ler todos estes documentos no Patriarcado, incluindo o despacho do Cardeal Patriarca a dar acordo.
Como soube que a vossa página do "Ateísmo" se interessa por tudo quanto são habilidades da ICAR, muito agradecia a divulgação possível deste meu caso no mínimo kafkiano.
Domingos Quintino