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Fascismo segundo Bento XVI

Nos últimos tempos Bento XVI tem sido presença constante nos media nacionais (à exaustão) e internacionais. Não só pelo circo evento Jornadas Mundiais da Juventude, em que rejeitou a «religião faça você mesmo» ou por esperar obter imunidade diplomática no processo em que é acusado de encobrimento de casos de abuso sexual de menores.

De facto, Bento XVI tem andado muito fértil em declarações no mínimo discutíveis. Assim depois de recomendar os crufixos e demais iconografia católica como remédio «santo» para todos os males que afligem a Europa, Ratzinger Bento XVI iguala o ateísmo ao nazismo. Recorrendo à sua experiência com o nazismo (de que ninguém duvida) Bento XVI compara este com a «democracia liberal» (que suspeito ser algo de que sabe pouco) afirmando que à falta de crença religiosa se segue inevitavelmente o fascismo.

Curiosamente não me lembro de algum regime fascista que não tenha sido profundamente religioso e apoiado pelo Vaticano. Na realidade, os únicos casos em que a uma democracia liberal se seguiu um regime fascista ocorreram depois dos responsáveis eclesiásticos apelarem a golpes de estado contra as tão execradas «democracias liberais». Como o caso de Espanha em que o Papa Pio XI exorta, em 1936, os católicos espanhóis a lutarem lado a lado com Franco na «difícil e perigosa tarefa de defender e restaurar os direitos e a honra de Deus e da Religião». Ou a «Marcha da Família com Deus pela Liberdade», organizada pela hierarquia da Igreja Católica brasileira e por grupos de direita que marcou o início do golpe de estado que destituiu o presidente eleito João Goulart e deu início a 21 anos de ditadura militar (mas crente) no Brasil.

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