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Somos todos irmãos

Deve fazer cerca de 7 anos que isto aconteceu. Era 29 de Julho e um amigo meu fazia anos.
Eu era ateu há muito pouco tempo, mas este meu amigo já o era há uns anitos, e a maioria dos amigos dele que estavam presentes, também. No entanto, uma amiga dele não só era católica como até fazia parte do coro da igreja. Depois do jantar, algures num bar agradável, falou-se de tudo: política, física, criação do universo e… religião. Por estar em minoria, e talvez por ser insegura, por mais que se falasse no ateísmo, a rapariga não discutiu nada: permaneceu sempre muito calada. Até que o aniversariante, ao ver os olhares dela de aprovação em relação a tudo o que era dito, e sabendo da realidade, lá lhe disse: «Mas tu não és católica?». Ao que ela respondeu:

-Sou católica, sim, mas eu também tenho muitas dúvidas. Por exemplo: Jesus diz que somos todos irmãos, mas depois condena o incesto. Como é que será possível depois as pessoas terem filhos?

Conhecendo a peça, é possível saber que não se tratava de nenhuma ironia refinada. Depois de lhe explicarmos que o «somos todos irmãos» era uma alegoria, e que não era por aí que a fé cristã falhava, pudemos voltar alegremente à nossa conversa.

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