Tolerância
Os argumentos dos fundamentalistas religiosos das duas maiores confissões do livro parecem passar nos últimos dias por comparações absurdas com o nazismo.
Depois dos dislates de Dobson referidos no post precedente foi a vez de Mohammad Naseem, o presidente da mesquita central de Birmingham que questionou o envolvimento de muçulmanos nos ataques de 7 de Julho e negou a existência da Al Qaeda. Hoje, em declarações ao programa Today da BBC Radio 4, Naseem comparou a intenção de Blair de deportar estrangeiros que preguem o ódio e encerrar locais de oração onde se louve o terrorismo à demonização dos judeus feita pelo regime nazi!
O deputado por Birmingham Khalid Mahmood já pediu a demissão de Naseem, pedido que o último repudiou dizendo ter os votos de 4000 muçulmanos em contrário.
Pessoalmente deploro os excessos securitários que o fanatismo islâmico está a despoletar. E considero que um dos objectivos dos terroristas já foi atingido: perturbar e alterar o nosso estilo de vida. Mas recordo mais uma vez o paradoxo da tolerância de Karl Popper, que já transcrevi parcialmente no post Delenda Carthago, com que concordo em absoluto:
«Tolerância ilimitada leva necessariamente ao desaparecimento da tolerância. Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo com os intolerantes, e não defendermos a sociedade tolerante contra os seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados e com eles a tolerância. Assim, devemos reinvidicar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar os intolerantes. Devemos reinvidicar que qualquer movimento que prega a intolerância se colocou a si próprio fora da lei e devemos considerar criminoso o incitamento à intolerância e perseguição, do mesmo modo que consideramos criminoso o incitamento ao assassínio ou rapto ou ao reviver do comércio de escravos.»
The Open Society and Its Enemies (1945)
Só espero que a vigilância da intolerância religiosa não se restrinja à islâmica…